'Arquivo X' parece parada no tempo e deve agradar só aos fãs

TONY GOES
COLUNISTA DO "F5"

ARQUIVO X - 11ª TEMPORADA (regular) * *
(THE X-FILES)
ELENCO David Duchovny, Gillian Anderson e Mitch Pileggi
QUANDO toda quarta, na Fox, às 23h, 12 anos

Se hoje somos quase todos viciados em séries, é muito por culpa das que fizeram sucesso na década de 1990. Títulos como "Plantão Médico" e "Família Soprano" acostumaram o espectador a acompanhar histórias longas com temáticas ousadas, sem a enrolação típica das novelas.

Uma das atrações mais influentes daquela época ainda está entre nós. É "Arquivo X", que estreou em 1993 (um quarto de século atrás!) e retornou com sua 11ª temporada na quarta (10), na Fox.

Assim como os mistérios que os circundam, os agentes Mulder (David Duchovny) e Scully (Gillian Anderson) se recusam a desaparecer. Após um hiato de mais de dez anos, a dupla voltou em 2016 em seis episódios especiais, com tamanha audiência que uma nova leva se tornou inevitável.

A temporada atual começa exatamente onde a anterior parou. Os fãs mais assíduos vão adorar, mas quem não está familiarizado com o universo da série não tem como embarcar neste trem em movimento. "Arquivo X" parece não fazer questão de ampliar seu público, que já estaria de bom tamanho.

SPOILER ADIANTE

Logo no primeiro capítulo, uma revelação bombástica. O pai do filho de Scully não seria Mulder, e sim o Homem Fumante (William B. Davis), o vilão do programa. Só que os dois nunca transaram. A agente foi engravidada "através da ciência", em uma versão pós-moderna da divina concepção.

No mais, o ritmo continua idêntico ao de uma série de 20 anos atrás. Muito tiroteio e perseguição, com os protagonistas escapando enquanto quase todos à volta morrem.

É como se "Black Mirror", "Dark" e outras descendentes de "Arquivo X" nunca tivessem existido. Apesar da internet e dos avanços tecnológicos –e da passagem do tempo, visível no rosto dos atores–, Mulder e Scully permanecem com os dois pés no passado recente.

O que é uma pena, porque os alvos das "denúncias" do programa –as armações que os poderosos fazem para se manter no poder, hoje popularizadas como "fake news"– estão na ordem do dia.

Uma pitada de modernidade teria trazido mais relevância à 11ª temporada. Do jeito que está, só os "X-Philers" (como os fanáticos se intitulam) vão se interessar. Para os demais, a TV do século 21 oferece centenas de outras opções.

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