De Tom Jobim a Axé Bahia, 15 artistas têm mais visualizações fora do Brasil

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AMANDA NOGUEIRA
DANIEL MARIANI
DE SÃO PAULO

São Paulo

À primeira vista, pode parecer improvável traçar paralelos entre Sepultura, Michel Teló, Axé Bahia e João Gilberto. Mas eles possuem ao menos um ponto em comum: fazem parte de uma seleção de artistas brasileiros que retêm parcela expressiva de seus públicos situada fora do país.

Um levantamento da Folha, feito a partir de dados públicos do YouTube, identificou 15 artistas e grupos brasileiros que somam mais visualizações no serviço de vídeo no exterior.

A pesquisa considerou as visualizações na plataforma, que é a mais usada para ouvir música no Brasil e no mundo, durante o período entre 1º de setembro de 2014 e 4 de janeiro de 2018.

Há aparições mais óbvias do que outras, como a do instrumentista e compositor Sérgio Mendes, radicado nos EUA desde os anos 1960 e responsável por emplacar pela primeira vez uma música totalmente em português nas paradas americanas com "Mas que Nada". É naquele país que se concentra 15,77% do público do músico; o Brasil fica em terceiro lugar, com 9,22% das visualizações de suas faixas.

Não é surpresa a presença de artistas como João Gilberto, que exportou a bossa nova, Sepultura, estourou nos EUA, e até mesmo o grupo paulistano Cansei de Ser Sexy (conhecido também pela sigla CSS), que tem repertório bilíngue.

Os dados iluminam estratégias dos artistas para suas carreiras internacionais. É compreensível, então, que Roberto Carlos tenha mais plays no exterior, sendo 20% deles no México. O cantor há décadas se empenha em gravações em diversos idiomas tendo quase sempre foco no público latino e ibero-americano.

Em 2014, ele liderou as paradas de 11 países latino-americanos com a versão em espanhol de "Esse Cara Sou Eu", sua faixa mais destacada no período do levantamento.

Seu próximo álbum, que deve chegar às lojas neste ano, após hiato de dez anos sem lançamentos, deve trazer dez faixas em espanhol, como "Que Yo te Vea", tema da novela "O Outro Lado do Paraíso", da TV Globo.

Outros ainda surfam a ressonância de seus maiores hits, como é o caso de Michel Teló com "Ai Se Eu Te Pego", que se tornou global em 2012. Segundo Teófilo Teló, irmão e empresário do artista, o sertanejo está ocupado com a demanda brasileira e não tem desempenhado planos específicos para o exterior.

FORA DA CURVA

A lista traz curiosidades não tão aleatórias quanto possa parecer a representatividade de Daniela Mercury na Índia e a de Axé Bahia no Peru, com o hit carnavalesco "Beijo na Boca" traduzido para o espanhol. Depois do feito, a banda baiana passou a excursionar por países latinos e a se comunicar em espanhol com os fãs.

Um dos casos mais excêntricos é o da cantora Margareth Menezes, que possui 23,2% das visualizações de suas faixas provenientes da... Romênia. "Bom saber, quem sabe a gente não faz um show por lá", diz a cantora, que afirma não acompanhar informações como essa, geralmente coletadas por sua equipe de direitos autorais.

Com o álbum nomeado pela faixa "Elegibô (Uma História de Ifá)", Menezes atingiu o primeiro lugar da parada de World Music da "Billboard", na qual permaneceu por 31 semanas nos anos 1990.

A cantora explica que sua carreira internacional deslanchou na mesma época com o convite para abrir a turnê do músico britânico David Byrne, realizando mais de 70 shows ao redor do globo.

O samba-reggae virou trilha para propaganda de refrigerante na Europa, onde foi resgatado nos últimos anos com um remix do projeto italiano Relight Orchestra –a mesma versão que "viralizou" na Romênia.

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