Após crise, Cinemateca vai ser gerida por Organização Social, diz ministro

Crédito: Danilo Verpa/Folhapress Cinemateca Brasileira
Cinemateca Brasileira

GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO

Para conter uma crise que se arrasta desde 2013, o Ministério da Cultura irá transferir a gestão da Cinemateca Brasileira para uma OS (Organização Social).

Quem assumirá a entidade é a Acerp (Associação Comunicativa Roquette Pinto), ligada ao Ministério da Educação, que já mantém convênios de prestação de serviços com a Cinemateca.

"O modelo de OS tem uma mobilidade maior do que o Estado, inclusive para a captação de recursos", diz o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão. "Ela terá autonomia financeira e administrativa, mas com metas e diretrizes que terão de ser cumpridas."

O ministro afirma que o contrato deve ser assinado na última semana de fevereiro.

Diversas unidades culturais ligadas ao governo do Estado de São Paulo, como o MIS e a Pinacoteca, são geridas por OS.

Mas no nível federal, a Cinemateca seria a primeira delas no âmbito da Cultura. Sá Leitão espera que ele funcione como um "paradigma" para outras instituições tocadas pela pasta, como os museus federais.

Responsável pela preservação do acervo audiovisual brasileiro, a Cinemateca guarda 250 mil rolos de filme em sua sede, em São Paulo.

Sua crise em janeiro de 2013. Auditorias da CGU (Controladoria-Geral da União) apontaram falta de controle do ministério sobre a execução dos recursos da Cinemateca, além de problemas na gestão de bens e em licitações da instituição.

A então ministra da Cultura, Marta Suplicy, exonerou o diretor à época, Carlos Magalhães, sem nomear um substituto. Naquele ano, 138 técnicos da instituição foram demitidos e parte dos trabalhos, paralisados.

Segundo Sá Leitão, haverá contratação de pessoal para operar as atividades da Cinemateca. "Ela terá que montar equipes para que suas metas sejam atendidas."

Ainda segundo ele, a atuação da OS não vai colidir com a existência da SAC (Sociedade Amigos da Cinemateca), entidade sem fins lucrativos que exercia a função de gerir a Cinemateca.

"Não há impedimentos para que existia uma sociedade de amigos, desde que se entenda com a OS", afirma Sá Leitão, que frisa que a organização terá um conselho com integrantes da sociedade civil.

Ele também diz que a Acerp irá manter a atual direção da Cinemateca.

O modelo das OS, contudo, divide opiniões. Há quem o defenda por dar mais dinamismo à administração, e também há opositores, principalmente à esquerda, que o veem como a "privatização" de uma gestão que deveria ser responsabilidade do Estado.

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