Nesta quinta (18), o MPB4 sobe ao palco do Theatro Net, em São Paulo, num provável momento de emoções díspares. O show lança o DVD ao vivo que comemora os 50 anos de carreira do grupo. A festa tem um tom triste com a morte de Ruy Faria na última quinta-feira (11), aos 80 anos.
"Foi muito sentida a ida do Ruy", diz Aquiles Reis à Folha. "Apesar de ele estar fora do MPB4 desde 2004, não é possível apagar os 40 anos que ele passou conosco, desde quando a gente criou o grupo. Ele foi um grande responsável pelo sucesso que o MPB4 teve e manteve até agora", completa.
Aquiles, 69, e Ruy formaram o grupo em 1964, junto com Miltinho, 74, e Magro, que morreu em 2012, aos 68 anos. O grupo tem hoje em sua formação, além de Miltinho e Aquiles, Dalmo Medeiros, 66, que substituiu Ruy, e Paulo Malaguti Pauleira, 58, que ocupou o lugar de Magro.
"A essa altura são 52 anos de carreira, um prodígio, porque é uma carreira ininterrupta. E passando por situações difíceis e confusas no mercado musical. Às vezes fica complicado, mas a gente consegue levar porque tem um rumo. Mesmo na tempestade o barco vai seguindo firme", afirma Aquiles.
Uma dessas dificuldades foi resistir ao habitual disco retrospectivo para marcar um data tão importante como 50 anos de carreira.
O grupo não quis regravar seus sucessos, como "Roda Viva" (Chico Buarque), "Cravo e Canela" (Milton Nascimento) ou "Cicatrizes" (parceria de Miltinho com Paulo César Pinheiro). Os quatro lançaram em 2016 "O Sonho, a Vida, A Roda Viva!", álbum com inéditas, algumas autorais e outras de seus habituais "fornecedores".
"A gente sonhava gravar um disco de inéditas com canções que compositores que já estão ligados à nossa carreira nos presenteassem. Tivemos sorte de conseguir um repertório da mais alta qualidade. Quando ainda estávamos na fase de pedir, de recolher as músicas, a gente estava entusiasmado porque sentia claramente que tinha ouro em pó nas mãos", recorda Aquiles.
Seis músicas desse disco estão no show desta quinta. O CD "O Sonho, a Vida e a Roda Viva! MPB4 50 Anos Ao Vivo" tem menos músicas do que o DVD, que traz a íntegra da apresentação que lançou o álbum de inéditas.
Aquiles afirma que boa parte do público do grupo é gente perto dos 70 anos, que acompanha o MPB4 desde o começo, mas há uma crescente parcela jovem na plateia.
"Não saberia quantificar, mas tem um número grande de jovens que chegaram a conhecer o MPB4 por influência de seus pais. Ou até mesmo de seus avós. A carreira do MPB4 está sendo tão longa porque a divulgação se dá dentro das casas das pessoas."
Ele ressalta que o grupo faz questão de receber fãs após os shows e percebe esse fenômeno de várias gerações reunidas. "Os mais velhos nos escutam com nostalgia, e os jovens vão se identificando como o nosso trabalho. Muitos vão só para acompanhar os pais, mas quando assistem ao show percebem que a gente faz uma coisa muito 'gostável'", brinca o cantor.
Aquiles resenha na internet lançamentos de novos nomes da MPB e discorda da existência de crise criativa.
Para ele, faltam canais mais eficientes de divulgação. "Na nossa época, em 1965, tivemos a sorte de ter uma televisão no país que mostrava música de qualidade no horário nobre. Se o MPB4 surgisse hoje, acho que dificilmente teria uma carreira tão longa."
MPB4 - 50 ANOS: O SONHO, A VIDA E A RODA VIVA
QUANDO nesta quinta-feira (18), às 21h
ONDE Theatro Net, shopping Vila Olímpia, r. Olimpíadas, 360
QUANTO de R$ 90 a R$ 120
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