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Montagem da 29ª Bienal é inspirada em "Jogo da Amarelinha" de Cortázar
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FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO
Na porta da sala da curadoria, o cartaz faz a contagem regressiva: "Faltam 26 dias", podia-se ler na última quarta-feira. Já no pavilhão da Bienal, apenas quatro artistas trabalham em suas obras: Luiz Zerbini, Marcius Galan, Henrique Oliveira e Nuno Ramos.
Mas isso não significa que há atrasos. As paredes estão praticamente prontas, e "a previsão de entrada das obras é a partir da próxima quinta-feira", conta Marta Bogéa, arquiteta responsável pela expografia da 29ª Bienal de São Paulo.
Prevista para ser aberta a convidados no dia 21 de setembro, e para o público no dia 25, a mostra deve deixar o público atônito. Isso por conta da inovadora montagem no pavilhão de Niemeyer.
Em vez de salas que se sucedem uma após a outra, a disposição dos espaços lembra o cenário de um filme expressionista, com seus personagens em situações labirínticas. "Aqui, o visitante precisa reposicionar sua frontalidade o tempo todo", descreve a arquiteta.
NÃO LINEARIDADE
"Um dos pedidos da curadoria é que a montagem fosse como o livro 'O Jogo de Amarelinha' [de Julio Cortázar], no qual não é preciso uma leitura linear", disse Bogéa à Folha. A arquiteta já cuidou da expografia da 27ª Bienal, "Como Viver Junto", com curadoria de Lisette Lagnado, em 2006.
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Montagem da Bienal que neste ano adota um conjunto de blocos para abrigrar obras dos artistas convidados. |
Há quatro anos, "a ideia era a da transparência, a montagem não devia ter uma visibilidade, enquanto, aqui, a opacidade foi uma demanda e, com isso, a arquitetura se tornou um elemento ativo", conta Bogéa.
A entrada da mostra será pelo térreo, onde estarão poucos trabalhos e o espaço, amplo e generoso.
Mas, conforme o visitante segue por dentro do prédio projetado por Oscar Niemeyer, o caminho vai se tornando mais confuso, até alcançar o clímax no segundo andar, justamente aquele espaço deprimente na polêmica última edição, em 2008, que ficou conhecida como Bienal do Vazio.
Essa nova configuração foi definida, segundo Bogéa, na reunião geral dos sete curadores, em março passado. "Cada um deu uma sugestão importante, como o sul-africano Sarat Maharaj, que disse que era preciso multiplicar o sentido da errância no percurso", conta.
Entretanto, essa organização bastante complexa não é sufocante, pois está repleta de respiros. Primeiro pelos espaços livres nas laterais do pavilhão, que permite uma ampla visão da paisagem do parque do Ibirapuera. Depois por conta dos seis terreiros dispostos ao longo da exposição, parte da ideia curatorial em criar espaços de encontro durante a exposição, e que são organizados por outros arquitetos e artistas.
Até o momento, a mostra conta com 161 artistas contra os 148 anunciados anteriormente. Saíram nomes de peso, como o russo Ilya Kabakov, enquanto foram agregados outros também importantes, como o cineasta Jean-Luc Godard e o dramaturgo Samuel Beckett.
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