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05/09/2010 - 21h13

Veneza assiste a western feminino

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ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A VENEZA

A paisagem é a mesma na qual nos acostumamos a ver John Wayne. Mas, conforme a câmera avança, notamos que, entre alguns homens e seus cavalos, há também mulheres. Essa é só a primeira estranheza provocada por "Meek's Cutoff", o contemplativo western da diretora norte-americana Kelly Reichardt, concorrente ao Leão de Ouro em Veneza.

"Meek's Cutoff" nos transporta para o cenário desértico dos filmes de John Ford. Mas são outros os seus personagens e é outro o tempo de sua câmera.

Reichardt, nome respeitado no cinema independente nos Estados Unidos, coloca em cena três famílias que tentam atravessar as montanhas rochosas do Oregon, em 1845, numa jornada em busca de água.

A cineasta, que veio a Veneza para apresentar o filme, conta que a história teve, como ponto de partida, diários daquele período. "Os diários mostram que, para as mulheres, essas jornadas eram muito particulares. O sentimento de solidão e de medo era muito maior do que entre os homens", diz. "Mas, nos westerns, elas foram muito pouco retratadas."

Em "Meek's Cutoff", elas são vistas fazendo tricô, cuidando do filho e interferindo no destino que, conforme a jornada avança, se mostra cada vez mais dura.

Tanto quanto as mulheres, Reichardt quis mostrar a imensidão daquele lugar onde a água não chega.

Para isso, adotou um formato diferente: a tela, em seu filme, é quadrada. "Achei que, assim, as pessoas poderiam ver a profundidade do deserto e, ao mesmo tempo, manter-se perto dos personagens. Acho que, dessa maneira, é possível sentir o espaço, a dureza imposta pelo lugar", afirma a cineasta, que é professora de cinema da Bard College, em Nova York.

A onipresença do deserto e o pesado caminhar dos personagens de "Meek's Cutoff" são de tal modo intensos que, ao fim da sessão, minha sensação era de sede.

 

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