Joaquin Phoenix cultua a própria queda em documentário

Não são poucas as celebridades que têm exposta, em público, sua descida ao inferno. Já foi bastante discutido o papel da mídia em casos como os de Britney Spears ou Michael Jackson, por exemplo.

O ator Joaquin Phoenix está litros de tinta atrás de Spears e Jackson em termos de aparições em tabloides. Mas teve, em 2008, seu momento de "problemático da vez".

O filme "I'm Still Here" (ainda estou aqui), exibido pela primeira vez na manhã de hoje, em Veneza, fora de competição, acompanha esse momento.

	Divulgação
	Cartaz do documentário "I'm Still Here", sobre Joaquin Phoenix

A exposição, aqui, não pode ser debitada na conta da mídia nem dos paparazzi. O filme foi feito pelo cunhado do ator, Casey Affleck, e é, claramente, cultuado por ele próprio.

O "documentário" segue os passos de Phoenix a partir do dia em que ele decide anunciar, em público, que abandonaria a carreira de ator para virar um cantor de hip-hop.

Acontece que, apesar de apresentar-se como "documental", o filme tem passagens claramente encenadas. Nennhuma câmera é tão invisível quanto Affleck pretende mostrar.

Phoenix cheira cocaína, discute com as pessoas que imagina todas contra si, deixa cabelo e barba crescerem. À frente da câmera do cunhado, parece cultuar um pouco essa queda.

"I'm Still Here" se quer divertido, chocante e emocionante. Não acho que consiga ser nada disso. Mas consegue, pela própria existência, ser um documento e tanto sobre o quanto está doente o mundo do show business.

A reação da plateia do festival à entrevista de Phoenix ao programa de David Letermann, reproduzida no filme, é sintomática disso. Eram incontroláveis as gargalhadas. E o que se via, em cena, era só decadência.