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Arte abstrata latino-americana procura romper clichês na Alemanha
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JUAN PALOP
DA EFE, EM BERLIM
Através de uma coleção com mais de 200 obras inspiradas na abstração e na geometria, uma ambiciosa exposição na Alemanha pretende romper com o clichê de que a arte moderna da América Latina limita-se ao realismo mágico e ao expressionismo.
Com o título de "Vibração", a mostra, que abre suas portas nesta sexta-feira na Kunsthalle (pavilhão de arte) de Bonn, no oeste da Alemanha, reúne quadros, esboços, objetos de artesanato e esculturas de 85 artistas, provenientes, em sua maioria, do Brasil, Argentina, Venezuela, Colômbia, Uruguai e Cuba.
"Queremos mostrar algo novo da América Latina na Alemanha. Esta exposição se centra na arte abstrata e geométrica da região entre os anos 30 e 70 do século passado", assegurou Rainald Schumacher, curador da exibição, à Agência Efe.
"As obras não têm nada a ver com Frida Kahlo nem com Diego Rivera", ressaltou.
Schumacher considerou que a arte abstrata latino-americana é "relativamente desconhecida" na Alemanha, apesar de ter experimentado "um grande desenvolvimento", e de vários de seus expoentes terem alcançado prestígio internacional.
A relação de artistas latino-americanos representados inclui, entre outros, os argentinos Lúcio Fontana, César Paternosto e Horacio Coppola, o uruguaio Joaquín Torres García, o colombiano Leo Matiz e o brasileiro Gaspar Gasparian.
Além disso, a exposição inclui alguns artistas europeus, muitos deles judeus, que durante as décadas de 30 e 40 fugiram do continente por causa da ascensão nazista, e emigraram para a América Latina.
Entre eles, destaque para a alemã Gertrud Goldschmidt, conhecida como "Gego".
A principal característica da mostra é, de acordo com seus organizadores, o "otimismo", a "sensualidade" e a "alegria" presentes na maioria das obras expostas, que conseguem "seduzir por sua beleza", sem a necessidade de conhecimentos prévios de arte.
O "núcleo" da exposição, cerca de 75%, pertence à coleção particular de Ella Fontanals-Cisneros, uma colecionadora de arte contemporânea cubana estabelecida na Venezuela.
Parte destas obras de arte já foi exposta anteriormente em Miami (EUA) e, pela primeira vez na Europa, no museu "Es Baluard", em Palma (Mallorca, Espanha), em uma exposição entre março e junho deste ano.
A exposição conta, além disso, com uma peculiar organização, já que os curadores distribuíram as obras de arte segundo as formas geométricas que as compõem, reservando uma sala para as retas, outra para as planas e uma terceira para as esféricas.
"Vibração" também combina pinturas com fotografias da mesma época, que se baseiam nos mesmos elementos geométricos para sua composição.
"Para mim, os artistas que participam desta mostra buscam na modernidade uma forma de identidade, já que provêm de países multiculturais, por seu passado pré-colombiano e a posterior influência espanhola", apontou Schumacher.
A organização prevê que o artista argentino Julio Le Parc, que atualmente mora na França, visite a mostra, que irá até o fim de janeiro.
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