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18/09/2010 - 13h07

Comentário: Quantas vezes você viu uma gorda em capa de revista?

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NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Conte nos dedos. Quantas vezes você já viu uma pessoa gorda em uma capa de revista? Agora, conte de novo. Quantas vezes você viu uma pessoa negra? E quantas vezes você viu alguém negro e gordo? E uma mulher negra, gorda e considerada feia? Pouquíssimas. Talvez nenhuma.

No momento, a polêmica é a capa da "Elle", que estampa a atriz Gabourey Sidibe, do filme "Preciosa". A moça está em uma pose fora da habitual da "Elle". Em geral, as moças aparecem de corpo inteiro. No caso de Gabourey Sidibe, só podemos ver seu rosto. O pior: a revista está sendo acusada de ter clareado o a pele da atriz! Assustados? É para ficar mesmo. Mas isso está longe de ser inesperado no mundo das celebridades e das revistas.

Esse é um mundo onde dar capa para uma pessoa negra, ainda é exceção. E onde ver uma mulher gorda com o mesmo destaque é praticamente um milagre. Pense de novo: quantas mulheres gordas você já viu na capa de revistas de moda? Nenhuma?

Reprodução
Gabourey Sidibe na capa da edição de 25 anos da "Elle" norte-americana
Gabourey Sidibe na capa da edição de 25 anos da "Elle" norte-americana

Existem alguns "milagres". A cantora Beth Ditto causou furor ano passado ao posar nua para a revista moderninha inglesa "Love". Beth já furou muitas barreiras, já que também foi capa (também nua) da revista de música "NME". Bem, não era para ser considerado um feito e tanto uma cantora de talento, de uma banda badalada como a dela, o Gossip, ir parar em uma revista de música, não é? Mas o triste é que, como Beth é gorda, isso vira uma atitude "revolucionária".

Ver mulheres negras em capa de revista é mais comum do que ver gordas. Mas também é algo que ainda vira noticia. Como aconteceu quando Beyoncé esteve na "Vogue". E a capa da primeira dama dos EUA Michelle Obama para a mesma "Vogue" causou comoção. Não só por ela ser primeira dama dos EUA, mas também por ela ser negra. Michelle já estampou várias capas de revista. Vale lembrar que ela é linda, elegante. E, claro, magra.

As moças que estampam as capas das revistas, principalmente as de moda, continuam sendo muito magras. E também muito jovens. E essa ditadura não parece que vai acabar assim, tão cedo. A atriz de "Preciosa", só por chegar até a "Elle", já pode ser considerada uma heroína. Claro, a gente pode torcer pelo dia em que ela sairá com o mesmo tratamento dado para as outras atrizes e fazer barulho para que isso aconteça. Mas tudo indica que esse tempo ainda vai demorar. O que é triste.

 

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