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03/10/2010 - 08h27

Bienal de Artes tem obras feitas de carne e osso

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JULIANA VAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Está desligado?" A pergunta veio de um visitante que se aproximava da instalação que Cildo Meireles criou para a Bienal. A resposta saiu de lá de dentro: "Não. A gente tá só descansando".

Acompanhe a cobertura completa da Bienal

De longe é impossível ver, mas a força que faz funcionar "Abajur" é humana.

A obra, referência aos porões dos navios negreiros, é iluminada e ganha movimento à medida que pessoas escondidas por baixo dela (quatro de manhã e três à tarde) empurram manivelas.

"É suportável", diz Robson Alves, 34, uma das peças daquela engrenagem. Ele já foi garçom, estoquista e figurante do filme "Lula, o Filho do Brasil", entre outros.

"Infelizmente, ganho mais aqui do que com outros trabalhos", lamenta Franco Picciolo, 38, que apita jogos de futebol de várzea.

Rodrigo Capote/Folhapress
Homens fazem funcionar a instalação de Cildo Meireles
Homens fazem funcionar a instalação de Cildo Meireles

JAULA

No andar debaixo, o compositor Livio Tragtenberg quis representar a falência do artista-gênio encarcerando-se dentro de uma jaula. Vai ficar preso, como os urubus no viveiro de Nuno Ramos, até o fim da mostra, todas as terças e quintas.

"O compositor no sentido romântico, que expressa sua personalidade através da música, é um bicho em extinção", explica o artista.

Portanto, a obra "Gabinete do Dr. Estranho" depende da interação com o público, que é convidado a gravar sua voz através de um microfone instalado fora do cárcere. Em tempo real, o artista cria e devolve os sons aos visitantes.

"Uma coisa é improvisar com músicos, outra é improvisar com não músicos. O inesperado, o não qualificado me interessam cada vez mais", diz Livio, que já esteve na Bienal de 1985.

Improvisada é também a dança na instalação "Un Lugar para Vivir Cuando Seamos Viejos" (um lugar para viver quando formos velhos), da argentina Ana Gallardo.

Ela conheceu, na Cidade do México, onde viveu por anos, idosos que dançavam em uma praça e os trouxe para dar aulas de "danzón" e desenhar nas paredes da Bienal memórias de suas vidas.

"Eles não entendiam o sistema da arte contemporânea. Tive que explicar a eles o sentido do projeto. Eles aceitaram vir por uma questão de confiança e porque queriam conhecer um lugar fora do México. Nunca tinham ido ao exterior", explica a artista.

"Construo minha obra com fragmentos de vida dos outros, por isso é importante trabalhar com pessoas."

 

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