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22/10/2010 - 09h31

Na peça "Rancor", críticos de arte duelam por poder

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LUCAS NEVES
DE SÃO PAULO

No centro da arena, dois críticos de arte disputam a ascendência sobre a opinião pública. A fileira de espectadores convocados alternadamente para afiar armas e egos de cada lado acomoda o escritor inseguro, a repórter à caça de manchete e a bem-nascida que busca lugar nas altas rodas intelectuais.

O cenário acima sintetiza a peça "Rancor", que ganha remontagem a partir de hoje, em São Paulo. O texto do jornalista e dramaturgo Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, é dirigido por Ivan Feijó.

Opõe a visão canônica de Berucci (Roney Facchini) ao olhar insubordinado de Leon (Nilton Bicudo), para quem as doutrinas do outro embotaram jovens autores.

Velado, o conflito assume outra dimensão quando sai a tradução do livro "A Angústia da Influência", do crítico Harold Bloom. Ele sustenta que a influência de escritores clássicos sobre novos não pressupõe conciliação e reverência, mas contestação.

Berucci vê na publicação da obra seu fim. A repórter Dadá acusa o baque e tenta cooptar Leon para levar o grão-mestre de vez à lona.

Lenise Pinheiro/Folhapress
Martha Nowill, Ismael Caneppele e Sabrina Orthmann; ao centro, Roney Facchini e Nilton Bicudo, críticos de "Rancor"
Martha Nowill, Ismael Caneppele e Sabrina Orthmann; ao centro, Roney Facchini e Nilton Bicudo, críticos da peça

O texto é de 1992. "Embora a peça tenha ressonâncias implícitas, além das ostensivas, do Bloom, ele entra mais como pergunta nunca respondida, até cômica: 'O que tem Harold Bloom a ver com tudo isso?'", diz Frias.

Nesses quase 20 anos, algo mudou nos salões da intelligentsia? "Mesmo em 1993 [na primeira montagem], havia algo de pantomima na ênfase com que os intelectuais lutam por um poder tão fugidio [...] Hoje esse efeito deve ficar acentuado", avalia.

Para Feijó, "o texto é atual, pois o controle do que pode ser divulgado, a moldagem dos desejos pela sociedade de consumo estão plenos".

Também hoje volta ao cartaz "O Terceiro Sinal", transposição para o palco do ensaio em que Frias rememora, entremeando imagens de angústia e torpor, a experiência como ator coadjuvante em encenação de "Boca de Ouro", de Nelson Rodrigues, no Teatro Oficina.

Bete Coelho empresta corpo e voz às reminiscências.

RANCOR
QUANDO sex. e sáb., às 21h30; até 20/11
ONDE Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 0/xx/11/3095-9400)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 16 anos

O TERCEIRO SINAL
QUANDO sex., às 21h, e sáb., às 20h; até 13/11
ONDE Sesc Ipiranga (r. Bom Pas-tor, 822, tel. 0/xx/11/3340-2000)
QUANTO R$ 16
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

 

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