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Oficina apresenta repertório em São Paulo
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LUCAS NEVES
DE SÃO PAULO
Acabou o drama, findou a novela. Quem pontifica é o diretor José Celso Martinez Corrêa, em referência à peleja de 30 anos de seu Teatro Oficina com o Grupo Silvio Santos pela ocupação do entorno do prédio que abriga a trupe, no centro paulistano.
O confronto teve um "cessar-fogo" com o empréstimo à companhia, até 31 de dezembro, do terreno em volta do prédio, que pertence ao empresário. Ali, será realizado a partir de hoje o minifestival de repertório Dionisíacas (leia programação e sinopses nesta página).
Martinez afirma que o grupo não vai usar a brecha da cessão temporária da área vizinha para tentar impor uma ocupação definitiva. "É muito caro manter o aluguel da tenda, dos equipamentos de luz por mais tempo." Mas reconhece aguardar uma decisão do Ministério da Cultura (MinC) sobre a desapropriação ou compra do perímetro.
Nesta noite, quando o diretor "dissolver" a parede que bloqueia a saída dos fundos do edifício, dará o passo mais concreto até aqui rumo à finalização do projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi e Edson Elito --que previa a construção de um "teatro de estádio" atrás do Oficina que se conhece atualmente.
A escolha do verbo entre aspas do parágrafo anterior é do próprio encenador, temeroso da reação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que tombou o imóvel neste ano, e dos humores do Grupo Silvio Santos, dono.
Da prancheta de Bo Bardi e Elito saiu, no começo dos anos 80, um croqui que esboçava, numa das extremidades da passarela de terra e pranchas de madeira que é a marca do edifício, uma grande abertura para o exterior. Esta revelaria, à direita, uma arquibancada coberta de 500 lugares a contemplar um palco a céu aberto de 600 m², em cujas laterais haveria marquises e rampas.
O complexo teatral não saiu por completo do papel por conta das disputas sucessivas entre o Oficina e a corporação de Silvio Santos. Agora, funciona ali um estacionamento dessa última, deslocado temporariamente a fim de liberar a área para o evento do grupo de Martinez.
Adriano Vizoni/Folhapress | ||
Visão panorâmica do terreno em que foi montada a tenda que abrigará as Dionisíacas |
PORTA FECHADA
O Oficina diz que a referida passagem do "dentro" para o "fora" foi fechada pelo antagonista em 2007. Eduardo Velucci, diretor operacional da Sisan Empreendimentos (construtora do Grupo Silvio Santos), nega. "O prédio pertence à Secretaria de Estado da Cultura. Toda alteração deve ser solicitada a ela. Não temos nada a ver com isso."
O que o conglomerado fez, segundo Velucci, foi fechar um buraco, "pelo nosso lado do muro de divisa, aberto por uma pessoa do teatro que caiu de uma altura de pelo menos cinco metros em cima de um carro, danificou o automóvel e a cobertura do estacionamento. Não intervimos no prédio".
Na abertura das Dionisíacas, hoje, Martinez e o elenco do Oficina conduzirão o público pela rua-passarela, antes de abrir a tal passagem, circundar o prédio e adentrar a tenda levantada numa posição que forma um "L" com a sede da companhia. A estrutura, que comporta 2.000 pessoas, passou desde maio por sete capitais do país.
O MinC destinou R$ 7 milhões à turnê. O Oficina pediu um adicional para o apêndice paulistano, não previsto originalmente. Segundo o grupo, o ministério liberou R$ 452 mil. A pasta informa que o termo aditivo está em fase final de análise.
"São quatro dias de Carnaval", descreve Martinez. "Começa com 'Taniko', uma viagem delicada, de 1h30. Depois, vem 'Cacilda!!' e toda aquela geração que modernizou o teatro brasileiro: Nelson Rodrigues, Dulcina de Moraes, Jardel Filho... 'Bacantes', no terceiro dia, é nosso maior sucesso."
Lenise Pinheiro/Folhapress | ||
Cena de "Taniko - O Rito do Mar", que será exibida nas Dionisíacas |
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