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15/02/2011 - 19h08

Diretor húngaro desafia o espectador em Berlim

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ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM

O diretor húngaro Béla Tarr, autor de um cinema mais comentado do que efetivamente visto, apresentou, em Berlim, um filme que faz jus à sua fama de artista rigoroso, de cineasta absolutamente único.

"O Cavalo de Turim", um dos 16 filmes em competição na Berlinale, é um ensaio visual sobre a luta pela sobrevivência. Nós, espectadores, somos convidados pelo diretor a sentir, nos poros, o custo dessa luta.

Partilhamos, com os personagens, o incômodo do vento que sopra forte e ameaça tudo levar. Partilhamos, com eles, as batatas, ainda quentes, sendo descascadas para aplacar a fome.

Em cena, estão um pai, uma filha e um cavalo. Ele vivem isolados. Esperam o dia seguinte como se algo, enfim, pudesse mudar. O filme acompanha seis dias em suas vidas.

"O Cavalo de Turim", com seus 148 minutos, seus longos planos em preto-e-branco, seus silêncios e seus ruídos desafia o público a firmar um pacto com a aridez. Quem aceitá-lo, receberá de volta a beleza.

Reuters
A atriz Erika Bok em cena de "O Cavalo de Turim", do diretor húngaro Béla Tarr
A atriz Erika Bok em cena de "O Cavalo de Turim", do diretor húngaro Béla Tarr, que foi apresentado em Berlim

Fonte de inspiração para a trilogia de Gus Van Sant ("Gerry", "Elefante" e "Last Days"), Tarr é um daqueles tipos misteriosos do cinema. Está sempre filmando, mas não abre mão de sua equipe, de sua linguagem, de suas não-histórias.

"Se consigo fazer os filmes que faço é porque esta equipe vem trabalhando junto há muito tempo", disse, há pouco, numa entrevista coletiva no hotel Hyatt. "Pelo fato de termos a mesma visão de mundo, não precisamos passar horas discutindo para convencer um ao outro."

Quanto questionado sobre a importância da presença do filme na Berlinale e sobre a expectativa por um prêmio, disse que não deveria haver competição entre obras de arte.

"É muito difícil ter obras de arte competindo umas com as outras. Você vê o absurdo disso quanto pergunta: o que é melhor, Dostoievsky ou Proust?", disse.

"Todo filme que está aqui merece um prêmio. Mas, passadas duas semanas, todos terão esquecido este festival, já estarão pensando no próximo", afirmou Tarr. " Por que se envolver com isso tipo de combate? Sempre sairíamos perdendo."

 

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