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Americano premiado em Berlim teve que recorrer a fundos europeus
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ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM
Poucas horas da cerimônia de premiação do Festival de Berlim, na noite do último sábado, o produtor Paul Mezey conversou com a Folha.
A ansiedade pelo resultado era tanta que ele sequer conseguiu disfarçar. Chegava a rir de nervoso se a conversa resvalava na premiação.
Não veio o Urso de Ouro, mas veio um Urso de Prata, pelo roteiro de "The Forgiveness of Blood", um dos melhores filmes exibidos na competição da Berlinale.
Divulgação | ||
"The Forgiveness of Blood", do diretor norte-americano Joshua Marston, exibido no Festival de Berlim |
Dirigido por Joshua Marston, que fez o longa-metragem "Maria Cheia de Graça" e já dirigiu episódios de séries de TV como "A Sete Palmos", "Lei e Ordem" e "In Treatment", o filme se passa todo na Albânia.
Marston e Mazey ficaram um ano e meio no país.
Os dois são amigos desde os tempos da Universidade de Yale. Mazey mixou o curta-metragem de conclusão de curso de Marston e, desde então, produziu todos os seus filmes.
Mazey não escreve, não dirige e nem pretende fazer isso, mas participa da criação de todos os longas-metragens que produz desde o início do projeto.
No caso de "Forgiveness of Blood", discutiu com Marston a história, viajou com ele para a Albânia e participou da árdua escolha do elenco --mais de 3 mil adolescentes foram testados para os dois papeis principais.
Nesta entrevista exclusiva, o produtor conta que esse desejo que ele e Marston têm de conhecer o mundo e de levar questões complexas à tela não cai muito no gosto dos investidores de seu país.
Para viabilizar o último projeto, eles tiveram de ir bater em portas europeias.
Folha - Nós, que vivemos na América Latina, tendemos a achar que, nos Estados Unidos, é muito mais fácil conseguir dinheiro para fazer filmes do que em outros lugares. Mas há de fato espaço no mercado norte-americano para um projeto como o de vocês?
Paul Mazey - Os últimos anos foram muito difíceis para o mercado de filmes de arte nos Estados Unidos. O mercado de entretenimento foi atingido pela queda nas vendas de DVDs e pelos filmes sendo baixados na internet. Os mais atingidos pela queda nos lucros foram os filmes independentes, que deixaram de ter como recuperar os investimentos nesses mercados secundários, de vídeo e TV.
A essa crise do mercado de entretenimento se somou a crise financeira mundial, em 2008, e aí ficou realmente difícil conseguir dinheiro. Nós tínhamos dois grandes projetos que seriam financiados por fundos norte-americanos, mas percebemos que não conseguiríamos levá-los adiante, apesar da ótima reputação do Joshua [Marston).
Decidimos então procurar um projeto menor, e chegamos a este filme sobre a Albânia.
Folha - E de onde vieram os recursos para esse filme?
O dinheiro inicial veio de organizações sem fins lucrativos que têm fundos destinados a projetos culturais. O primeiro deles era sueco e depois vieram outros fundos da Europa, até porque esse é um assunto que interessa aos europeus. Quer dizer, começamos o projeto de uma maneira completamente diferente. Fomos atrás de quem estava interessado em apoiar projetos ligados a uma pesquisa histórica e política. Foi, ainda assim, um filme modesto.
Folha - Mas não parece um filme de baixo orçamento...
Não é um filme de baixíssimo orçamento, claro. Foi todo feito em 35 milímetros e nas condições que considerávamos adequadas para a estética que Josh procurava.
Folha - Mas vocês não enfrentam dificuldades na Europa pelo fato de serem norte-americanos, ou seja, de serem do mesmo país que tem Hollywood?
Temos, mas nem tanto porque eu sou americano, mas porque o diretor é. Os Estados Unidos não têm acordos de coprodução com outros países, então é natural que olhem para a gente com certa desconfiança: 'O que esses americanos querem aqui?'"
Folha- Os Estados Unidos entraram com que parte do orçamento?
Cerca de 70% do orçamento veio da Europa e 30% dos Estados Unidos.
Folha - E o filme já tem distribuição nos Estados Unidos?
Não, mas esse é o tipo de filme que consegue melhor distribuição depois de passar por um festival. Nós tentamos colocá-lo em Berlim, e felizmente conseguimos, para captar a atenção da mídia, da crítica e aí sim atrair os distribuidores. Mas o que acabou sendo muito estressante para a gente aqui é que o filme foi exibido no último dia de festival...
Folha - Vocês acharam que ninguém mais ia notá-lo...
É, muita gente do mercado já tinha ido embora, parte da imprensa também. Ficamos ansiosos.
Folha - E ainda tinham que ficar lendo que o ganhador do Urso de Ouro já tinha sido exibido...
Exatamente. Mas, no fim, a recepção foi realmente muito boa. O público teve uma recepção incrível. As críticas eu quase não li, mas as questões que os jornalistas têm feito mostram que o filme provocou coisas profundas nas pessoas.
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