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27/02/2011 - 07h29

Arnaldo Baptista deve tocar todos os instrumentos do novo CD

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MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Maior entre as lendas vivas do rock brasileiro, o ex-Mutantes Arnaldo Baptista, 62, está voltando. Sozinho.

O artista já escreveu boa parte das canções daquele que será seu sétimo álbum solo, "Esphera". Ele conclui nos próximos dias a pré-produção do trabalho para entrar em estúdio na sequência.

O título, segundo o próprio autor, é um comprimido de alguns conceitos. "É esperança, espera e esfera --que é energia", diz. "Energia no sentido de eletricidade solar, que não polui nunca. Defendo isso. Onde há fumaça, há fogo. Poluição queima tudo."

Leonardo Wen/Folhapress
Arnaldo Baptista em sua casa, em Belo Horizonte
O ex-Mutantes Arnaldo Baptista, que vai tocar todos os instrumentos do novo CD, em sua casa, em Minas Gerais

TROCADILHOS

Arnaldo se especializou em fazer trocadilhos desse tipo. Sempre que dispara algum (e os dispara o tempo todo), faz uma pausa e espera a reação do interlocutor. Sorri.

"Vou usando meu grau de criatividade, inspiração e inconsciência com ciência." Pausa. Sorri. "Neste trabalho, vou entrando no sentido de fazer um 'universo poliverso'." Pausa. Sorri.

Construir letras a partir de carros, ciência e ficção científica é característica que acompanha a poética de Arnaldo desde o começo dos Mutantes, nos anos 1960.

"Já tenho 17 músicas novas prontas, mas preciso escolher a dedo quais vão entrar neste LP porque algumas são repetitivas", diz. "Fiz uma, bem infantil, que fala de um gatinho que encontrei. Outra, sobre viagem no tempo e carros movidos a luz solar. Uma defende o vegetarianismo. São minhas utopias. Por isso é meu LP mais feliz."

Arnaldo pretende tocar todos os instrumentos do "LP" (é assim que ele chama seus álbuns): a base de bateria, guitarra, teclados e contrabaixo. E, sobre tudo isso, detalhes de violão, gaitas, flautas e sintetizadores.

Quem cuida da produção musical é Fabiano Fonseca, da banda eletrônica mineira Digitaria. Fonseca foi o braço direito do produtor John Ulhoa (Pato Fu) na confecção de "Let it Bed" (2004), disco anterior do mutante.

"A sonoridade vai ser nua e crua, bem Arnaldo Baptista", diz Fonseca. "Estou procurando manter as características específicas dele."

O produtor conta que está pensando na possibilidade de criar uma edição alternativa do trabalho, com "versões mais ricas", tocadas por músicos da nova cena de Belo Horizonte, onde as gravações estão sendo feitas.

Entre "Let it Bed" e "Esphera", a vida de Arnaldo deu reviravoltas.

Ele voltou aos Mutantes em 2006 --primeiro para um show em Londres, que gerou CD e DVD ao vivo, depois para turnês no Brasil e lá fora.

Desentendimentos internos fizeram com que ele saísse mais uma vez da banda.

Mas o tamanho de sua importância na história do rock brasileiro --e em toda a MPB pós-Tropicália-- foi finalmente dimensionado no documentário "Loki" (2008), de Paulo Henrique Fontenelle. O filme foi ovacionado em festivais, exibido nos cinemas e no Canal Brasil.

"Esphera" deve dizer muito desse passeio recente de Arnaldo, dessa nova volta na impressionante montanha-russa que sua vida tem sido. Não é pouca coisa.

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Ouça comentários do repórter sobre o artista:

Marcus Preto

 

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