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TV Brasil terá séries com personagens de classes C, D e E
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ROBERTO KAZ
DE SÃO PAULO
No dia 1º de maio estreia, na TV Brasil, "Natália", minissérie em 13 capítulos sobre uma jovem carioca descoberta pelo mundo da moda. Virgem, pobre, evangélica, mulata e noiva, Natália, a protagonista, mora em um bairro de subúrbio.
Não é um acaso. Com outras duas séries --"Brilhante Futebol Clube" e "Vida de Estagiário"--, a história foi escolhida entre 225 ideias apresentadas ao Ministério da Cultura, em 2008, no concurso de fomento a seriados para TVs públicas.
O edital apontava que "45 milhões de jovens estão nas classes C, D e E, imersos em realidades socioeconômicas desfavoráveis", e notava "a ausência de programação voltada para os temas" deles.
Por isso, o MinC, em parceria com a Empresa Brasil de Comunicação, que coordena a TV Brasil, anunciou a seleção "de minisséries que proponham uma visão original sobre a(s) juventude(s) brasileira(s) das classes C, D e E, desconstruindo os estereótipos". Cada projeto aprovado recebeu R$ 2,6 milhões. "Natália", o primeiro a ir ao ar, será transmitido semanalmente, às 22h30.
Divulgação | ||
Cena do seriado "Natália", produzida por meio de edital do Ministério da Cultura, que vai ser exibida na TV Brasil |
Mario Borgneth, coordenador-executivo do edital, conta que o concurso refletiu uma política do governo Lula, "focado em populações de baixa renda e áreas de vulnerabilidade social".
Ele diz que, hoje, a juventude das classes menos favorecidas só costuma aparecer na TV em filmes como "Notícias de uma Guerra Particular" e notícias de crime. "Qual foi a última vez que vimos um caso de amor entre um office boy e uma manicure na TV?", pergunta. "Isso surge, no máximo, em núcleos paralelos de novelas."
"Tem o 'Hermes e Renato', na MTV, e 'Malhação', na Globo, mas a última coisa nova nesse campo foi 'Confissões de Adolescente', que mostrava o universo da classe média", aponta, esquecendo-se de mencionar "Turma do Gueto", da Record, que já em 2002 enfocava a vida de jovens da periferia.
Borgneth credita a lacuna ao fato de as emissoras verem o público como consumidores em potencial. "E não sei se existe mercado anunciante para um público jovem que não o da 'Malhação' no horário da tarde", diz.
Mas ressalva: "Esses jovens que deixam de ver TV para ir a lan-houses estão dando um recado: 'O que está aí não nos interessa'".
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