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26/03/2011 - 17h54

Nina Lemos: Medo e submissão

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NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Foi-se o tempo em que ver gente se humilhando em nome de uns trocados na televisão era assistir ao programa "Porta da Esperança" ou ao "Topa Tudo por Dinheiro", do Silvio Santos. Essas atrações parecem inocentes perto dos rituais sádicos aos quais os participantes do "BBB11" estão sendo submetidos na reta final do programa.

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Na primeira parte da última prova do líder (ela foi dividida em três partes), os participantes ficavam pendurados em uma espécie de gancho e eram arremessados contra uma parede suja de graxa. Para piorar tudo um pouquinho, eles eram brindados com jatos de água. Ontem, durante o dia, eles reclamavam de dor e tomavam remédios. Em uma cena mostrada no programa, Daniel entra tremendo em baixo das cobertas. A sensação, para quem viu, é de que ele estava se sentindo mal de verdade.

Ontem, mais sadismo. Os jogadores foram colocados de cabeça para baixo e tiveram que "voar" assim. Diana, que disse ter medo de altura, ficou a beira de um ataque de pânico (real).

Frederico Rozário/TV Globo
Vestida de frango, Jaqueline chora ao vencer a prova do líder
Jaqueline chora vestida de frango ao vencer a prova do líder na qual era "assada" em um forno

Bem, nada que assuste muito em uma edição do "BBB" que já vestiu os participantes vestidos de frangos (assados, com embalagem e tudo) e os colocou dentro de um forno, em umas das cenas mais bizarras da história da TV brasileira.

Nessa edição, além das provas, foram usadas também outras formas de tortura, como o quarto branco, um lugar onde uma escolhida foi obrigada a ficar de castigo por horas, ouvindo barulhos. Uma ideia que parece ter saído de um filme de terror psicológico do David Lynch. Ou dos manicômios de antigamente. E também o quarto do terror, onde duas participantes tiveram que ficar trancafiadas, no escuro.

O mais impressionante: a submissão com que os participantes suportam esse tipo de prova. Ninguém reclama. É para ficar vestido de frango em uma fila e depois ser assado? Tudo bem, vamos lá! E eles se enfileiram humildemente, como se fossem, de fato, frangos em uma granja indo para o matadouro.

Se eles fazem isso por dinheiro? Sim, mas provavelmente não só por isso. Parece que, ao entrar na casa, todos ficam rapidamente abduzidos pela "produção" e pelos "diretores". A produção é um governo totalitário, contra o qual eles nem pensam em se rebelar.

Seria engraçado se um dia alguém desistisse de participar de uma dessas provas e saísse do programa gritando: "a isso eu não me submeto!". Mas seria esperar demais. E talvez a gente não viva para ver essa espécie de pequena revolução. Inclusive porque devemos gostar de ver gente sendo humilhada na TV. Se a Globo é sádica, nós, espectadores, também somos.

 

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