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20/05/2011 - 07h34

Orquestra Sinfônica Brasileira termina audições no Reino Unido

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VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Por trás de uma cortina preta, no segundo andar de uma loja de pianos no norte de Londres, o candidato 77 sopra em seu clarinete as primeiras notas do "Concerto em Lá Maior", de Mozart.

Se for bem no teste, poderá ser um dos novos contratados da Orquestra Sinfônica Brasileira, cujos salários vão de R$ 9 mil a R$ 11 mil.

Do outro lado da cortina estão o maestro Roberto Minczuk, o gerente artístico da OSB, Leandro Carvalho, e três músicos da orquestra.

Eles são os responsáveis por selecionar os instrumentistas que irão substituir os 33 músicos demitidos após disputa com Minczuk.

Guito Moreto/Divulgação
O maestro e diretor Roberto Minczuk, que está à frente da Sinfônica Brasileira desde 2005
O maestro e diretor Roberto Minczuk, que está à frente da Sinfônica Brasileira desde 2005

O maestro quer profissionalizar a orquestra, ampliar o número de horas trabalhadas e cobrar resultados.

Para isso, exigiu que todos os 82 contratados da orquestra passassem por uma avaliação: 35 concordaram, e os demais pediram a cabeça do maestro, acusando-o de autoritarismo.

Em Londres, 67 músicos foram ouvidos, de 99 convocados. O boicote pedido pela Federação Internacional dos Músicos, em protesto contra as demissões, pode explicar a falta dos outros 32.

"O boicote teve efeito, é claro. Mas estou contente com o resultado. Ouvimos pessoas muito talentosas que têm condições de estar na orquestra", disse Minczuk.

A fase londrina do giro internacional em busca de talentos acabou anteontem.

De hoje a segunda-feira, acontecem audições em Nova York. Na semana que vem, serão no Rio de Janeiro.

A cortina preta é comum nesse tipo de audição.

Serve para que os examinadores não vejam os examinados e não sejam influenciados por aparência, sexo ou idade do candidato.

Por cacoete do ofício, Minczuk acompanha a música mexendo a mão direita. Parece querer reger o músico, corrigir uma nota que ficou curta demais.

O maestro diz que o nível médio dos candidatos ouvidos no exterior é melhor que o encontrado no Brasil.

"Muitos são brasileiros, mas estudaram aqui. E a formação na Europa é muito melhor. Às vezes, aparece no Brasil um supertalento, mas que precisa ser polido."

Para sorte do Brasil, a crise econômica mundial ajuda a OSB a ficar mais atraente.

"As orquestras na Europa estão sofrendo com os cortes de gastos governamentais. Estão cancelando viagens e concertos. É hora de ir para o Brasil", afirmou Javier Forner, 34, trompista da Sinfônica de Bilbao.

Questionados pela Folha sobre a crise na OSB, os candidatos fogem de declarações fortes, que podem prejudicá-los. "Li alguma coisa, não entendi direito os argumentos dos dois lados", disse a clarinetista Cristina Martins, 26, de Madri.

Mais que entender a situação, ela quer é o emprego.

 

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