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04/06/2011 - 07h04

Mostras políticas são destaque em pavilhões da Bienal de Veneza

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FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

O calor em Veneza, que chegou a 30º C, não se refletiu na seção principal da 54ª Bienal de Veneza. A mostra é aberta hoje ao público.

Veja fotos da Bienal de Veneza, que começa hoje

Por outro lado, o clima esquentou em grande parte das 89 representações nacionais, nas quais os artistas são escolhidos pelos próprios países, sem passar pela curadoria central, e nas quais foram apresentados temas altamente politizados.

Os EUA, com a dupla Allora & Calzadilla, abordam a cultura da guerra e da competitividade. A Polônia é representada pela artista de Israel, Yael Bartana, que retoma o tema do Holocausto.

A Dinamarca defende a liberdade de expressão numa mostra coletiva que traz até uma obra do cartunista Robert Crumb censurada pela "New Yorker" em 2009.

O Brasil, com o radical Artur Barrio, também apontou em sentido inverso ao tédio da mostra principal.

Filippo Monteforte/France Presse
Obra sem título do artista plástico suíço Urs Fischer, que participa da principal seção da Bienal de Veneza neste ano
Obra sem título do artista plástico suíço Urs Fischer, que participa da principal seção da Bienal de Veneza 2011

BELICISMO

O barulho do tanque de guerra, cujos trilhos se movem com um atleta correndo sobre uma esteira de ginástica, já aponta para o tema abordado no pavilhão norte-americano: a competitividade que move uma guerra.

A obra se torna metáfora da própria Bienal, onde os países disputam o Leão de Ouro, a ser anunciado hoje.

Allora & Calzadilla ainda levam ginastas a fazer evoluções em poltronas de avião, na obra "Body in Flight (Delta)", e apresentam uma miniatura dourada da Estátua da Liberdade, só que com instrumentos bélicos, em "Armed Freedom Lyong on a Sunbed".

Tais obras mostram ainda que arte e política podem ser vistas com bom humor.

É o caso do suíço Hirschhorn, que aqui empacotou objetos de consumo, como celulares ou bonecas Barbie, em papel-alumínio, num ambiente cavernoso, como se a tecnologia atual apenas levasse o homem a retornar a condições pré-históricas.

VAZIO

São trabalhos intensos e complexos como esses que não são vistos em "ILLUMInazioni", o título da seção principal da Bienal.

Bice Curiger, em sua seleção de 83 artistas, optou por obras que se tornavam ilustrativas demais do tema ou que pouco agregavam a ele, constituindo uma mostra gélida como um corpo morto.

Conservadora, a exposição, já no nome, ainda reforça o conceito de nação num momento de crescimento do racismo e do preconceito contra imigrantes na Europa.

Para os artistas selecionados, a curadora perguntou: "A comunidade artística é uma nação?". Todos os que responderam tiveram os textos publicados no catálogo.

Não por acaso, a maior parte das respostas é negativa ao conceito de Curiger.

Como a de Barrio: "Claro que não. E, de qualquer jeito, a ideia de nação está ultrapassada".

SEM CONTEXTO

Mesmo o que poderia ser o fator surpresa, expor três obras monumentais de Tintoretto (1518-1594), revelou-se uma estratégia equivocada: retirando-o de seu contexto, a Galleria dell'Accademia, ele tornou-se apenas uma alegoria.

Melhor se viu na Bienal de Berlim, no ano passado, que incluiu Adolph Menzel (1815-1905), mas que devia ser visto onde permanece exposto, na Antiga Galeria Nacional.

Se o conceito de nação serve para algo nessa Bienal, é para reforçar estereótipos como os da origem de sua curadora: neutra, gélida e comedida --tudo aquilo que se costuma associar à Suíça.

Editoria de Arte/Folhapress
 

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