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11/06/2011 - 08h29

Edição destaca pioneirismo de Rubem Braga

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FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

Cigano, Seu Rubis, Lobo, Urso, Sabiá da Crônica, Príncipe da Crônica, Fazendeiro do Ar, Velho Braga.

Quietarrão que disfarçava o banzo em tantos apelidos --alguns dados por si próprio--, jornalista que elevou a crônica ao nível de grande literatura, Rubem Braga (1913-1990) volta à ribalta.

É o homenageado da nova edição dos "Cadernos de Literatura Brasileira", do Instituto Moreira Salles.

A série iniciada em 1996, que alcança o 26º número, pela primeira vez se debruça sobre um cronista típico, alguém que fez da miudeza do cotidiano seu substrato e do jornal seu meio.

A deferência se justifica. Como aponta José Castello num ensaio da edição, ao se colocar simultaneamente à margem da literatura e da imprensa, perfilando-se num intervalo entre os dois, Braga "afirma a absoluta singularidade do que escreve" e "se torna o fundador da crônica moderna brasileira".

"Nossa escolha é o reconhecimento da crônica como uma forma literária autenticamente brasileira e de Rubem Braga como nosso cronista mais interessante", diz Antonio Fernando de Franceschi, diretor editorial dos "CLB". A edição do volume é de Manuel da Costa Pinto.

Divulgação/Arquivo Roberto Seljan Braga
O cronista Rubem Braga em autorretrato não datado
O cronista Rubem Braga, que é homenageado em "Cadernos de Literatura Brasileira", em autorretrato não datado

Em termos biográficos, a homenagem não traz novidades para quem leu "Um Cigano Fazendeiro do Ar" (Globo), a biografia de Braga escrita pelo jornalista Marco Antonio de Carvalho.

Mas há uma crônica inédita em livro (e possivelmente na mídia, segundo os editores), em que Braga detalha a criação do seu lendário terraço numa cobertura em Ipanema (leia trecho abaixo). E uma carta do cronista a Miguel Arraes (1916-2005), felicitando-o pela eleição ao governo de Pernambuco em 62.

Marca dos "CLB", o diferencial está também no conjunto sintético sobre vida e obra do cronista, nas fotos, na antologia de frases e nas análises e depoimentos.

Nesta última seção estão textos de Danuza Leão, do jornalista Claudio Mello e Souza e do tradutor Boris Schnaiderman --que participou da campanha da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra e critica a cobertura que Braga fez do conflito como enviado do "Diário Carioca".

Além do ensaio de Castello, há os de Humberto Werneck (que selecionou, com Michel Laub, trechos de crônicas) e de Sérgio Augusto.

Entre os deslizes, um que decerto faria Braga resmungar: na introdução do "Caderno" ("Folha de Rosto"), há termos e expressões como "inconsútil", "do alto do seu dossel" e "restaura o labor", tão distantes de seu estilo límpido e desempolado.

Como complemento ao lançamento, o blog do IMS vai publicar nos próximos dias as três melhores crônicas de Braga escolhidas por um time de jornalistas e escritores.

O IMS não bateu o martelo sobre o próximo homenageado dos "Cadernos", mas Franceschi dá a pista.

"Vale lembrar que em 2012 teremos os 110 anos de nascimento de Drummond."

CADERNOS DE LITERATURA BRASILEIRA - RUBEM BRAGA
EDITORA Instituto Moreira Salles
QUANTO* R$ 60 (140 págs.)

 

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