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19/06/2011 - 10h50

Best-sellers de não ficção questionam excesso de cobrança acadêmica

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ROBERTO KAZ
DE SÃO PAULO

Em maio, a Folha acompanhou a historiadora Mary del Priore e o jornalista Laurentino Gomes durante o projeto "Navegar é preciso", um cruzeiro literário organizado pela Livraria da Vila, em que cinco autores palestravam em um navio, sobre as águas do Rio Amazonas.

Em "Histórias Íntimas", Mary del Priore conta como o sexo se ampliou

Mary é autora do recém lançado "Histórias Íntimas" (Planeta), livro que explica a evolução da sexualidade no Brasil desde a colônia, e que figura há dois meses dentre os mais vendidos de não ficção.

Laurentino é autor dos best-sellers "1808" (Planeta) e "1822" (Nova Fronteira), respetivamente sobre a chegada da família real e a independência do Brasil. O primeiro livro é um fenômeno editorial: não deixa a lista dos mais mais vendidos há três anos.

Ainda assim, não raro, Mary (que abandonou a carreira como professora da USP) e Laurentino (ex-diretor da editora Abril) são acusados de fazer uma historiografia "vulgar", simplória para os padrões da academia.

Nessa entrevista em dupla, separada por tópicos, eles falam dos rigorosos cânones da academia e de um novo leitor, oriundo das classes C e D, que eles tentam conquistar.

RIGOR DA ACADEMIA

Mary del Priore: No CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, órgão que financia pesquisas acadêmicas), a palavra é pontuar. Há ritos de cobrança e produtividade muito altos, que engessam os professores. Deixei a USP doze anos atrás, para escrever sem amarras.

Laurentino Gomes: O Brasil tem grandes historiadores, mas o linguajar está criptografado. Alguém precisa tornar essa linguagem da acessível. Já ouvi de um jornalista em Porto Alegre que eu vulgarizo a historia. E é isso mesmo, no sentido latino da palavra. Torno vulgar, acessível.

CRITÉRIOS DE APURAÇÃO

Mary del Priore: Faço uma história de pessoas do cotidiano, de carne e osso como nós, infelizes, com dor de barriga. Escolho personagens secundários para compor a minha música, a minha partitura. Fazer história para mim é como ir a uma festa de aniversário infantil e comer croquete com brigadeiro, ou seja, misturando elementos variados, antagônicos.

Laurentino Gomes: Trabalhei na "Veja" por muitos anos; fui diretor da editora Abril. O jornalista pensa em gancho, em senso de oportunidade. Lancei "1908" em 2008 porque havia uma efeméride: os 200 anos da chegada da corte ao Brasil. Mas não tinha ideia do tamanho do fenômeno que estava à minha espera.

O NOVO LEITOR

Laurentino Gomes: Com a ascensão das classes C e D, há um leitor novo entrando no mercado editorial. Um leitor não muito habituado com o prazer da leitura. Temos, portanto, de ser generosos com a linguagem.

 

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