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24/07/2011 - 09h27

DVDs ilegais são vendidos em bares e entregues com pizzas em SP

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CHICO FELITTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Piratão, piratão, é o cinema do povão!", grita John Auger*, anunciando DVDs falsificados a R$ 3 cada um numa viela que leva ao metrô Barra Funda, em São Paulo.

O slogan do ambulante tem lá sua razão. Mais da metade dos brasileiros de áreas urbanas vê filmes pirateados, segundo pesquisa realizada em 2010 pela Associação Cinematográfica dos EUA.

Enquanto isso, 28% da população do país foi ao cinema no ano passado, diz a Federação do Comércio.

Mais do que assistirem sentados à pirataria, os paulistanos compram essa ideia: 45% disseram à pesquisa americana ter consumido DVDs piratas no período.

Para atender a uma demanda estimada em 250 milhões de discos anuais, o mercado pirata cresceu na cidade. E se multiplicou, não só em número, mas em gênero.

Há DVD falso sendo oferecido na rua, por telefone e até em venda casada com pizza delivery.

DISCOS DISCORDANTES

"Aqui é o mercado dos discordantes, de quem não coopera com o sistema", diz Aruj Barbarossa, conhecido como "o cult da rua Augusta". Ele só atende nos fins de semana, numa das várias barracas próximas ao cinema Espaço Unibanco.

No seu acervo, há títulos que não entraram em cartaz no país, como "Mayrig" (1991), com Omar Sharif.

Os discos do cult vêm em estojo de plástico duro. O encarte, em papel denso, tem informações sobre produção e elenco. Os DVDs são adesivados, imitando original. Cada título custa R$ 10.

"É mais caro porque às vezes levo dois ou três dias pra achar na rede e baixar versão boa do filme", diz o cult.

O trabalho de garimpo na rede não é regra no mercado. A mercadoria geralmente vem de uma central que vende DVDs gravados no atacado, já com capa de papel sulfite e em saquinhos plásticos, dizem outros vendedores.

"Eu pego de um cara aqui na [região da rua] Santa Ifigênia", diz o que fica na frente do Mackenzie, na Consolação. Paga R$ 0,50 por disco, em levas maiores do que cem.

Esses "blockbusters" chegam ao consumidor no mínimo 500% mais caros: os mais baratos eram ofertados a R$ 2,50 por um mascate que vende de mesa em mesa em bares no largo da Batata.

PIZZA PIRATA

Cada disco sai por R$ 5 na Liberdade. "É que os artistas são 'importados'", justifica Ali Basha.

Os campeões de venda ali são os musicais, de nomes distantes do público geral, como Yumi Inoue. "Só sai se tiver faixa pra fazer karaokê."

Já quem gasta R$ 14,90 numa pizzaria na Barra Funda leva em até 40 minutos uma redonda e um piratão.

Numa garagem perto da av. Mateo Bei, na zona leste, está a única locadora de piratões vista pela Folha.

Custa R$ 5 o período de três dias com uma temporada de seriado como "Gossip Girl". "O disco assim roda mais", diz Anne Bonney, que toca o negócio com lógica corsária: quem atrasa a devolução leva multa de mais R$ 3.

* Os vendedores tiveram seus nomes substituídos pelos de piratas famosos

editoria de arte/folhapress
piratas
 

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