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26/08/2011 - 16h04

"Não penso em inventar a roda", diz novo curador da Flip, Miguel Conde

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FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

O jornalista Miguel Conde, anunciado na última quarta-feira como curador da décima edição da Flip, no ano que vem, disse que o modelo de programação da Festa Literária Internacional de Paraty, delineado pelo perfil dos convidados, já está consolidado e que não pretende "inventar a roda" na função.

Conde, 30, é formado em jornalismo pela UFRJ e tem mestrado em literatura brasileira pela PUC-RJ. É editor-assistente do caderno semanal "Prosa e Verso", publicado aos sábados no jornal "O Globo", ocupação que abandonará a partir de outubro, quando assina contrato de um ano com a Flip.

O novo curador substituirá o crítico Manuel da Costa Pinto, colunista da Folha, que volta a ocupar no jornal a função de editor do guia "Livros, Discos, Filmes", acumulando-a com o de titular da coluna "Fique em Casa", da revista "SãoPaulo".

Costa Pinto, que ainda durante a última Flip deu sinais de que não continuaria como curador em 2012, envolveu-se ao final da festa numa controvérsia com um dos convidados, o documentarista francês Claude Lanzmann.

Lanzmann se recusara rispidamente a responder perguntas do mediador de sua mesa, o crítico e professor Márcio Seligmann-Silva.

A postura do francês, que é judeu e estudioso do Holocausto, foi equiparada por Costa Pinto, durante a entrevista de encerramento da Flip, a uma atitude nazista --o curador depois recuou no tom. A organização da Flip reprovou em nota os termos empregados por Costa Pinto.

As duas partes dizem que a mudança de curador não tem relação com o atrito, o qual Conde evitou comentar na entrevista abaixo.

DRUMMOND E 10 ANOS

A Flip 2012 vai homenagear Carlos Drummond de Andrade, no ano em que se completam 110 anos de nascimento do poeta mineiro (e 25 anos de sua morte).

Conde atuará ao lado de Flávio Moura, responsável pela programação da Flip entre 2008 e 2010, na curadoria específica da homenagem a Drummond.

Moura estará ainda à frente de projetos especiais relativos ao décimo aniversário da festa. Coordenará a edição de um livro comemorativo, assim como a criação de um prêmio e a edição de DVDs.

Há por enquanto um único convidado confirmado para 2012: o americano Jonathan Franzen, cujo "Liberdade" foi lançado neste ano no Brasil pela Companhia das Letras.

Leia a seguir a entrevista com Miguel Conde.

Folha - O que deve nortear a curadoria da próxima Flip?

Miguel Conde - A cara da festa acaba sendo dada pelos autores convidados, e isso não temos como saber ainda, estamos no começo. Basicamente, a Flip tem um modelo bem-sucedido --que tem como eixo a literatura, mas incorpora outras áreas de criação e reflexão--, que tem de ser valorizado. Não penso em inventar a roda.

Já começou a se reunir com editoras?

Começo na semana que vem a ter as primeiras conversas. Já tive uns primeiros contatos por email, mas ainda é tudo muito preliminar.

A homenagem a Drummond permite dizer que será uma Flip mais voltada à poesia, que o tom da homenagem pode se alastrar pela programação?

É difícil dizer. Primeiro precisamos fechar uma lista. Já houve outros anos com poetas homenageados [Vinicius de Moraes e Manuel Bandeira foram homenageados em 2003 e 2009, respectivamente] sem que houvesse uma ênfase particular em poesia. Claro que isso é uma possibilidade, é algo a ser considerado, mas não poderia dar uma resposta a essa altura.

Há na Flip uma recorrente polêmica sobre como equilibrar densidade acadêmica com características mais jornalísticas, como agilidade, acessibilidade, aproximação da realidade. Como vai equalizar essas duas tendências, seja ao convidar autores ou escolher mediadores?

Uma das qualidades da Flip, um dos valores da festa, é justamente a aproximação que ela realiza entre essas duas abordagens. Ela construiu ao longo dos anos um espaço de discussão intelectual, que é um espaço publico e mais aberto que os espaços propriamente acadêmicos. Isso é importante e deve ser valorizado.

Quanto às mediações, é algo a se pensar com cuidado. A gente sabe o quanto é importante um bom mediador para que as conversas aconteçam de fato. Isso é uma coisa que vamos pensar com cuidado também.

Houve um incidente no último dia da Flip deste ano, com o curador criticando a postura de um convidado. Você acha que o curador deve se manifestar sobre o mérito das discussões, ou considera que, como tal, precisaria manter certa neutralidade?

Responder a essa pergunta implicaria indiretamente numa avaliação da postura do Manuel ali, que é algo que eu não quero e que não me cabe fazer. O que posso falar é que, no geral, Manuel demonstrou como curador a mesma seriedade e competência que caracterizam o trabalho dele e que os leitores conhecem.

Na entrevista de encerramento da última Flip foi mencionado que a partir de 2012 será aberto espaço a mesas para discutir arquitetura e urbanismo. Como isso vai ser feito?

Não para dizer ainda exatamente em que escala isso vai acontecer. De forma geral, acho que, assim como outras áreas de reflexão --antropologia, ciências sociais, filosofia-- têm um lugar na programação da Flip, o urbanismo pode ter também. A partir da discussão da cidade, você pode pensar várias discussões importantes para o mundo de hoje, sobre desigualdade ou convivência entre diferentes identidades. Mas uma discussão mais concreta de como isso vai ser feito, só daqui a algumas semanas ou meses.

 

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