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30/09/2011 - 17h31

Artistas Tom Sachs e Nate Lowman explicam obras em SP

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DE SÃO PAULO

De terno, Tom Sachs falou sobre sua obra no porão da Bienal de São Paulo na última quarta-feira como um animador de auditório faz para entreter uma plateia. Na sequência, Nate Lowman, artista que namora uma das gêmeas Olsen, explicou sua obra vestindo jeans e camiseta, se enrolando às vezes no discurso.

Mas, aparências à parte, os dois não podiam estar mais próximos. Tanto Sachs quanto Lowman, artistas que despontaram na recente leva de norte-americanos conhecidos como netos de Andy Warhol, costumam se apropriar de referências imagéticas do mundo pop e erudito para arquitetar obras que explodem em acidez e ironia.

Eles estão juntos agora na exposição "Em Nome dos Artistas", que comemora os 60 anos da Bienal de São Paulo com a produção mais bombástica dos Estados Unidos nas últimas décadas.

Sachs reproduz em sua obra itens de luxo do mundo industrial ou subverte os nomes das grifes criando produtos menos desejáveis com a chancela da marca, tipo um vaso sanitário Prada.

"Tento fazer uma escultura linda, perfeita e quanto mais eu trabalho, pior ela fica", conta Sachs. "É impossível competir com marcas como a Sony ou a Apple. Depois eu vi que os erros eram o assunto, é isso que torna a arte algo caro, faz dela uma oportunidade de exibir seus erros."

Nessa pegada, Sachs fez réplicas quase perfeitas, usando material improvisado, de um banheiro de avião, de um módulo lunar da Nasa e todo um restaurante McDonald's, que está agora na Bienal. Num vídeo, fez a modelo Kate Moss fritar batatas e hambúrgueres para se integrar ao ritual.

"Criatividade é um inimigo, porque é a rota dos caprichos", disse Sachs em tom grandiloquente. "Por isso faço esculturas baseadas numa linguagem que já existe, isso tem a ver com minha insegurança como artista."

No começo da carreira, essa tal insegurança, mesmo que às vezes fingida, já estava presente. Sachs não tinha dinheiro para comprar seu quadro favorito do holandês Piet Mondrian então fez uma cópia descarada de "Broadway Boogie Woogie" com fita adesiva.

Sai Mondrian, entram Richard Prince, Willem De Kooning, Barnett Newman e Sigmar Polke. Nate Lowman também usou a obra de todos esses artistas em trabalhos seus. Refotografou imagens que encontrou na biblioteca pública do Brooklyn, em Nova York, na mesma forma que Prince refez o caubói dos cigarros Marlboro.

Mas em vez de mostrar um homem, Lowman fez uma série com plataformas de extração de petróleo, numa referência às acusações contra o ex-presidente americano George W. Bush, sua ideia de caubói, de que teria entrado em guerra com o Iraque por causa de petróleo.

Uma imagem em raio-x de um caminhão cheio de imigrantes ilegais cruzando a fronteira com os Estados Unidos também virou uma nova versão de uma tela de Barnett Newman nas mãos de Lowman.

Virando a imagem na vertical, o sentido se perde e os homens dentro do caminhão somem numa faixa branca que emula a composição de pretos nas bordas e branco no meio de Newman.

"Tem algo de 'Última Ceia' nesse quadro, eles parecem fantasmas, há uma tristeza", disse Lowman em sua palestra. "Ao mesmo tempo, essa linha parece um limite entre céu e Terra."

Ele também recriou uma pintura do alemão Sigmar Polke com o mesmo motivo tétrico. Polke havia feito uma composição toda branca, com uma tarja preta no canto direito superior.

Lowman criou um novo vazio, mas fez uma tarja preta usando imagens dos caixões dos soldados americanos mortos no Iraque no canto do quadro. No final, não interessa se é cópia, plágio ou homenagem.

Sachs e Lowman parecem juntos falar em nome da era do remix, em que tudo se reconfigura em novas linguagens, fragmentos rearticulados para construir uma realidade contemporânea. "Arte é muito complicada, mas nunca tão complicada quanto a vida", disse Lowman.

 

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