Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
22/10/2011 - 11h07

Missionária Dorothy Stang é tema de ópera nos EUA

Publicidade

FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO

A missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, assassinada em 2005 no Pará, virou "anjo da Amazônia" em uma ópera nos Estados Unidos.

Cheia de liberdades poéticas, a ópera "Angel of the Amazon" estreou em Nova York em maio, e sua temporada em Boston começaria ontem à noite, com elenco do Boston Metro Opera.

Não chega a ser uma biografia de Dorothy. Em dois atos, com cerca de uma hora e meia de duração, a ideia é mostrar uma freira que deixa de usar o hábito para se juntar aos pobres de uma comunidade que vive da floresta.

O roteiro se sustenta na luta dela contra um sistema corrupto, até a sua morte.

Os demais personagens são fictícios. Os dois mandantes do crime condenados pela Justiça brasileira se juntaram no vilão Vito, madeireiro que repete a toda hora ser o verdadeiro dono das terras onde vive a comunidade.

O vilão conta com a ajuda do delegado de polícia e de um funcionário do Incra (instituto responsável pela reforma agrária e pela regularização fundiária no Brasil).

Mr. Rico, servidor do Incra, é "o arquétipo da corrupção que ocorreu durante o trabalho de Dorothy", disse à Folha o compositor Evan Mack.

Mack nunca esteve no Brasil, mas afirmou por telefone ter se baseado em "palavras e perspectivas" da missionária, registradas em cartas que ela escreveu de 1969 até as vésperas do assassinato.

Também levou em conta três biografias e um documentário -"Mataram a Irmã Dorothy" (2007), do norte-americano Daniel Junge.

Editoria de arte/Folhapress

O compositor ouviu a história de Dorothy em uma palestra em uma igreja em Ohio, no mesmo ano em que ela morreu. A ideia do espetáculo surgiu ali mesmo. "Pensei que soava como ópera!"

Por sorte, diz Mack, ele morava perto da sede da congregação à qual ela pertencia.

ROTEIRO

A ópera começa em 2005, no momento em que Dorothy é surpreendida por dois pistoleiros. Seguem então cenas fora de ordem cronológica, desde os anos 1960, quando ela chega à Amazônia.

No cenário simples, com panos claros e telão, dominam as imagens projetadas por computador.

A música, segundo o compositor, tenta mostrar as mudanças retratadas nas cartas dela durante os anos em que ficou no Brasil. Os tons religiosos e fortes vão sofrendo influência de "ritmos e harmonias brasileiros".

No final, antes de ser baleada, a protagonista retira uma Bíblia da bolsa e diz que aquela é a sua arma -atitude relatada por um dos pistoleiros e uma testemunha. Depois dos tiros, começa a chover. É a floresta que chora.

Além da estreia, haverá récitas hoje e nos dias 28 e 29, com transmissão ao vivo, segundo Mack, pelo onsite.bostonmetroopera.com, sempre às 21h (de Brasília).

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página