Leia poemas inéditos da escritora carioca Laura Erber
SOBRE O TEXTO Os poemas aqui reproduzidos estarão em antologia da autora a ser publicada pela editora Relicário em 2017.
Avener Prado/Folhapress | ||
Reprodução de pintura da artista Deborah Paiva |
Pequena história da fotografia
para Maria e Felix
ei ei ei irmã
veja estes lagos
esta montanha
parda
nada é comparável
a nada
e tudo tem sua multidão
de varejeiras
só a mulher do mercador do rio
não tem nada
ela arrasta os pés
ela arrasta os pés
Só para ter a certeza de que nos entendemos.
Vitor Nogueira
alguma coisa mais verdadeira que a grama cresce não é grama um dia parecido talvez igual aos outros dias de um apicultor egípcio construindo a própria tumba enquanto cuidadoso amacia as folhas da hortelã uma estória em que o corpo perde o tato e os cavalos trocam de sela sozinhos
alguma coisa abaixo da linha de decepção pedacinhos de ossos neve cobrindo vilarejos água correndo em direção aos manuscritos alguma coisa sem vocação de crescimento não é grama verdadeira nem sintética é outra a coisa o brilho a impossibilidade do canto andar sem sentir dor uma estória onde não há nem nunca houve perdão na chuva os versos que deixei cair na sua mão
LAURA ERBER, 37, é escritora, artista visual e professora do departamento de teoria do teatro da Unirio. Escreveu "Bénédicte Vê o Mar" (Editora da Casa).
DEBORAH PAIVA, 66, é artista plástica.
Livraria da Folha
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