Diário de Paris: os presidenciáveis favoritos de Bardot e Binoche
Eric Feferberg - set.2007/AFP | ||
A atriz Brigitte Bardot em Paris |
A duas semanas do primeiro turno das eleições presidenciais na França, uma mudança chama a atenção nos comícios dos principais candidatos: a presença cada vez mais rarefeita da classe artística. Foi-se a época de shows espetaculosos abrindo as manifestações e esquentando o eleitorado para os discursos políticos.
François Fillon e Marine Le Pen, candidatos da direita e da extrema direita, respectivamente, não acumularam tantos defensores de peso quanto escândalos durante esta campanha.
Uma das únicas exceções é Brigitte Bardot, que, em entrevista à revista "Valeurs Actuelles", afirmou ser fã dos dois. "Ele é muito corajoso", disse a atriz sobre o candidato do partido Republicanos, suspeito de ter contratado a própria mulher para um posto de assessora parlamentar que, na prática, ela nunca ocupou.
O centrista Emmanuel Macron, ex-ministro do presidente François Hollande e líder nas pesquisas de intenção de voto, possui o aval do escritor Erik Orsenna e da cantora Françoise Hardy.
Apesar de não contar com o apoio de figuras importantes dentro do seu próprio partido, como o ex-primeiro ministro Manuel Valls –derrotado nas prévias socialistas–, Benoît Hamon é o "petit favori" de Juliette Binoche, que disse em um programa televisivo admirar a sinceridade do candidato.
A equipe de Hamon se apressou em agradecer a atriz no Twitter. Não mencionou, porém, a crítica que Binoche fez na mesma ocasião à proposta do socialista de criar uma renda básica universal.
Joel Saget/AFP | ||
A candidata da extrema direita, Marine Le Pen, e o centrista Emmanuel Macron |
UNIÃO DE CLASSES
"Eu nunca refutei o engajamento, mas sempre me questionei se ele serve para algo", comenta o músico Maxime Leforestier logo no início de "Présidentielle, une épreuve d'artistes" (Corrida presidencial: uma prova de artistas). O documentário de Yves Azeroual e Yves Derai, produzido pelo canal Public Sénat, esmiúça quatro décadas da complexa e fascinante associação entre artistas e políticos na França.
Os dois universos se namoram à distância desde pelo menos a década de 1930. O "modus operandi" das campanhas presidenciais muda radicalmente a partir da candidatura de Valéry Giscard d'Estaing em 1974, a primeira no país a se inspirar no modelo de transferência de popularidade lançado por John F. Kennedy, democrata que presidiu os EUA de 1961 a 1963.
Desde então, não foram poucos os artistas que deram uma mãozinha na eleição de algum candidato ou, pelo menos, ajudaram a moldar sua imagem. Um dos arquivos mais inusitados mostra a cantora Madonna na Prefeitura de Paris, em 1987, a convite do então primeiro-ministro Jacques Chirac, que já estava de olho na conquista de um eleitorado mais jovem para as eleições do ano seguinte.
Ao longo dos 52 minutos do filme, a classe política se transforma radicalmente, preocupando-se cada vez menos com o debate de ideias. Talvez por isso poucos artistas apoiem presidenciáveis hoje.
É o caso de Johnny Hallyday, cantor mais popular do país, que já apoiou Giscard d'Estaing e Jacques Chirac. O roqueiro deu um basta à política depois de se desiludir com o mandato de Nicolas Sarkozy, que ajudou a eleger em 2007.
EXAGERADO
Em "Going to Brazil" (Rumo ao Brasil), segundo longa-metragem dirigido pelo ator Patrick Mille que acaba de ser lançado nos cinemas da França, um trio de parisienses desembarca no Rio para o casamento de uma amiga com um brasileiro abastado. Elas acabam matando o noivo, o que desencadeia uma série de desventuras.
A comédia, no mesmo estilo da americana "Se Beber, Não Case"(2009), de Todd Phillips, conquistou alguns veículos da imprensa francesa. O "Le Monde", por exemplo, elogiou a profusão de loucuras do roteiro e disse que o filme "consegue transformar suas limitações em força".
ISABEL JUNQUEIRA, 32, é jornalista
Livraria da Folha
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