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Ouça trecho em que Emir Sader chama Ana de Hollanda de "meio autista"
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PAULO WERNECK
EDITOR DA ILUSTRÍSSIMA
Em seu blog, o sociólogo Emir Sader, prestes a ser nomeado para a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa, órgão do Ministério da Cultura sediado no Rio de Janeiro, disse não poder se responsabilizar pelas declarações incluídas em reportagem (para assinantes) publicada na Ilustríssima do último domingo: "As referências, antes de tudo à Ministra da Cultura, mas também ao Gil e ao Caetano, apareceram de forma totalmente deturpada".
Rafael Andrade - 23.fev.2011/Folhapress |
Em entrevista em seu apartamento, no Leblon, zona sul do Rio, o sociólogo chamou Ana de Hollanda de "meio autista" |
O áudio da entrevista mostra que o sociólogo referiu-se à ministra espontaneamente, sem ter sido interrogado pela Folha a respeito de Ana de Hollanda. Emir Sader também introduziu espontaneamente o delicado tema dos cortes orçamentários, sem que a Folha tivesse feito perguntas a respeito. Emir Sader não pediu "off", recurso utilizado por jornalistas e fontes jornalísticas para passar informações importantes sem que seu nome seja identificado.
O tema dos cortes é introduzido durante a exposição de seus planos para os seminários da Casa Rui: "Vamos ver com que ritmo a gente consegue organizar, né? Até porque vai ter corte de recursos...", disse Sader, para retomar, mais adiante: "Tem corte, o orçamento é menor, tem corte e tem dívidas. Desde março não se repassou nada aos Pontos de Cultura. Teve uma manifestação em Brasília. Está estourando na mão da Ana porque ela fica quieta, é meio autista".
Ouça trecho da entrevista:
PONTOS DE CULTURA
Na mesma passagem, Emir Sader qualifica o formato de convênio dos Pontos de Cultura, programa que é a menina dos olhos dos ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira, como "um desastre", e se refere aos conveniados do Pontos, espalhados pelo Brasil, como "merdinhas". Os Pontos de Cultura em princípio não fazem parte do escopo de atuação da Casa de Rui Barbosa e também foram espontaneamente introduzidos na entrevista por Emir Sader.
A seu ver, o sistema de prestação de contas seria a causa da ausência de repasses que motivou as manifestações em Brasília: "O formato convênio foi um desastre. Porque convênio tem que ter prestação de contas. Uma empreiteira vai construir uma ponte. Agora um 'merdinha' que recebe R$ 15 mil não sei aonde, o cara não consegue prestar contas".
Emir Sader discorre ainda sobre os "grandes temas" que pretende levar para os seminários da casa, que foram objeto de críticas por parte de intelectuais, pela intenção de levar temas alheios à linha de pesquisa da casa e com viés governista.
Um desses seminários seria sobre propriedade intelectual, por ele chamado de "tema pendente": "Vamos aproveitar, já que [o debate] não foi ao Congresso". Trata-se de um assunto particularmente sensível na Casa de Rui Barbosa, uma vez que a instituição lida com a propriedade intelectual em sua materialidade (arquivos, esboços, diários, cartas, fotos etc.), muitas vezes às voltas com herdeiros idiossincráticos ou exigentes.
Cultura e políticas culturais são outro tema que Sader pretende abordar. Sem mencionar a produção do setor da Casa Rui responsável por políticas culturais, o sociólogo elogia a equipe montada pelo ministro Gilberto Gil no Ministério da Cultura e expõe novamente a sua concepção de que os intelectuais devem dar amparo teórico às políticas executadas pelo governo.
"É uma meninada boa", disse, "que com o Gil se meteu nisso de cabeça, e foi tropeçando, foi criando, é muito legal, uma geração nova, que tá mexendo com museu, com patrimônio, não sei que lá, e a universidade tem que ter o papel de dar os fundamentos teóricos".
OUTRO LADO
Procurada pela Folha, a assessoria da ministra Ana de Hollanda afirmou que ela está participando de sessão da Câmara dos Deputados em homenagem às mulheres. A assessoria também informou que por enquanto a ministra não pretende se pronunciar oficialmente a respeito das críticas feitas por Emir Sader, cuja nomeação ainda não foi oficializada.
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