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05/11/2011 - 11h17

Kodak é vítima da própria invenção, dizem especialistas

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CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO

Sem dinheiro e com prejuízos crescentes a cada trimestre, a Kodak vive o paradoxo de precisar vender as patentes de sua principal invenção para sobreviver em 2012.

Mãe da câmera digital, a Kodak é, para os especialistas, o exemplo clássico da companhia que desperdiçou, ao longo dos anos, alguns dos seus principais ativos.

Apesar de a tecnologia ter nascido nos laboratórios da empresa, foi "enterrada" diante do temor da competição com filmes fotográficos, que morreram anos depois.

O resultado da investida tardia na área digital foi a perda de mercado para rivais como Nikon e Canon, hoje com mais de 70% de participação.

O que resta à Kodak é vender suas 1.100 patentes de imagens digitais para conseguir parte dos US$ 500 milhões necessários para manter suas operações em 2012.

"A Kodak viveu literalmente a crônica de uma morte anunciada, comum a boa parte das empresas que não investem em novos projetos com o temor de que possam comprometer seus negócios atuais", diz Cláudio Terra, da consultoria TerraForum, de gestão da inovação.

Outra razão para empresas descartarem seus projetos, como fez a Xerox, contemporânea da Kodak na era inovadora, é não compreender como poderá lucrar com a tecnologia inventada.
Esse foi o caso da Xerox, criadora do mouse e da interface gráfica -que permite a visualização de imagens nos computadores.

As tecnologias foram aproveitadas pela Apple em seus computadores, e a Xerox amarga há décadas o rótulo de empresa de fabricantes de copiadoras.

RITMO DE INOVAÇÃO

Embora mais de três décadas separem Kodak e Xerox das iniciativas atuais de pesquisa, o dilema de como lidar com as invenções ainda hoje persiste entre empresas.

"Boa parte das companhias ainda não percebeu que elas precisam causar a obsolescência de seus próprios produtos antes que a concorrência o faça", afirma Paulo Quartiermeister, da ESPM.

Nas últimas três décadas, os exemplos de quem inovou pouco e viu os concorrentes melhorarem seus próprios produtos não foram poucos. A Novell, líder nos sistemas de redes nos anos 1980, foi praticamente enterrada pela Microsoft, que, por sua vez, atropelou o navegador de internet Netscape.

Ao mesmo tempo, hoje, a Microsoft sofre para se adaptar ao modelo de venda de software que roda na internet (computação em nuvem).

"As empresas que sobrevivem às mudanças não são as mais fortes, mas as mais flexíveis", resume Terra. Até descobrirem isso, diz, outros casos semelhantes ao da Kodak devem acontecer.

 

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