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Mecenato cria rede de museus em praça de BH
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RAUL JUSTE LORES
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Fiat, Banco do Brasil, TIM, Vale, Cemig e a EBX de Eike Batista estão patrocinando a criação de um dos maiores conjuntos de museus no país, ao redor da praça da Liberdade, em Belo Horizonte.
Os antigos palacetes que abrigavam secretarias estaduais mineiras desde 1897, quando a capital foi fundada, estão recebendo museus que são primos em conceito e formato aos paulistanos Museu da Língua Portuguesa e do Futebol, com telões, projeções, cenografia amigável e interatividade.
Além de ocupar os edifícios históricos, que foram esvaziados com a mudança da sede do governo para a nova (e polêmica) Cidade Administrativa, a ideia é criar um polo de cultura e turismo, na promissora indústria criativa.
O mecenato mesclou a cessão dos prédios públicos com o patrocínio das reformas e manutenção por grandes empresas, sem uso de Lei Rouanet. As empresas investiram entre R$ 15 milhões e R$ 30 milhões em cada museu.
A antiga Secretaria da Educação abriga hoje o Museu das Minas e do Metal, patrocinado por Eike Batista. A vizinha Secretaria da Fazenda se transformou no Memorial Minas Vale, que conta a história e a cultura do Estado.
Um cubo moderno abriga o planetário e o museu científico Espaço TIM-UFMG do Conhecimento.
Em obras, encontram-se a nova sede do espaço de arte Casa Fiat de Cultura, o Centro Cultural Banco do Brasil, o futuro Museu do Automóvel (também patrocinado pela montadora italiana) e a futura Escola Inhotim, pertencente ao famoso instituto de arte contemporânea.
INHOTIM INSPIRA
Foi justamente em Inhotim que o potencial da indústria criativa surpreendeu até o mineiro mais descrente.
A fazenda do milionário Bernardo Paz, que espalhou obras de grandes artistas contemporâneos do mundo ao ar livre em uma área de 2 milhões de metros quadrados, quase uma vez e meia o parque do Ibirapuera, virou um colosso no setor.
Em cinco anos de abertura ao público, Inhotim passou de 9.000 visitantes em 2006 a 200 mil no ano passado; o metro quadrado na cidade de Brumadinho, onde fica o complexo, teve uma valorização de 300%. Hotéis, restaurantes e pousadas se multiplicam ao redor de Inhotim, que já criou 800 empregos, 80% dos quais a moradores da região. Não é raro ver jatinhos de colecionadores estrangeiros pousarem no aeroporto de Confins com o único destino de ver as ousadias no recanto de Bernardo Paz.
O próprio Paz dá passos para deixar Inhotim economicamente mais sustentável, com novos restaurantes e lojas e uma pousada seis estrelas desenhada pela arquiteta mineira Freuza Zechmeister, figurinista do grupo Corpo. É a primeira de dez pousadas em projeto.
A praça da Liberdade engatinha, mas tem suas aspirações inhotinhenses. O governo mineiro sonha em convencer o grupo Fasano a abrir um hotel de luxo em um prédio público abandonado na praça -hotelaria é um dos pontos fracos da capital às vésperas da Copa.
"Falta à cultura ter números, estatísticas mais confiáveis que possam medir e comprovar o efeito da indústria criativa na economia", diz a secretária da Cultura do Estado, Eliane Parreiras. "Mas já assistimos à abertura de cafés, galerias, restaurantes e o potencial de novos hotéis na região da praça da Liberdade, graças aos museus."
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