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"El País" diz que cortes não comprometerão independência
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DE SÃO PAULO
O jornal espanhol "El País" publicou neste domingo texto no qual afirma que os cortes de salários e pessoal que implementará em breve não comprometerão sua independência editorial. "O 'El País' tem sido, desde o início, uma obra coletiva, com lideranças e orientações bem definidas. Assim vai continuar sendo, apesar da dureza e dificuldade dos tempos correntes."
No texto, o jornal culpa a crise econômica e as quedas na publicidade e na circulação pelo fato de que lucrará € 200 milhões a menos do que em 2007, apesar de os custos operacionais e o número de empregados terem permanecido estáveis. Afirma que os cortes serão "dolorosos", mas que as demissões na Redação ficarão em 129, e não 149, como fora anunciado anteriormente, o que equivaleria a um terço do quadro de funcionários.
"Pela primeira vez em sua história, o 'El País' anunciou perdas, e as previsões do setor para o ano que vem seguem sendo mais que preocupantes", afirma. "Diários de referência em todo o mundo, como o 'New York Times', o 'Monde' e o 'Guardian', experimentam idênticas tendências e têm sofrido cortes salariais e de pessoal similares aos anunciados pelo 'País'."
O jornal admite que cerca de 80% da Redação participou da greve realizada nos últimos dias, mas destaca que o produto saiu às ruas, "ainda que tenha perdido em qualidade", e que seu site permaneceu atualizado. "Lamentamos, em todo caso, que o serviço a nossos leitores se tenha visto prejudicado pelas circunstâncias descritas", afirma.
No editorial, o texto acusa a imprensa estrangeira de dar ouvidos apenas aos jornalistas, e não à direção, e aponta uma "escalada verbal" dos grevistas. Afirma ainda que foi a adesão de colaboradores renomados da publicação à greve que afastou a negociação dos termos trabalhistas e lhe conferiu um sentido de luta pela independência e pela liberdade de expressão.
O jornal afirma que a Prisa, sua acionista única, possui ações nas bolsas de Madri e de Nova York, e balanços transparentes e abertos. Afirma também que os investidores internacionais adquiriram as ações por € 2, mas já as têm cotadas em € 0,70. Em junho passado, continua o editorial, novos investidores pagaram € 1 por ação, e a cotação, agora, é de € 0,40.
Segundo os grevistas, o "El País" gerou lucro de cerca de € 800 milhões (cerca de R$ 2,1 bilhões) desde 2000, mas usou a maioria da verba para investimentos no exterior.
"Podemos assegurar que não existe um diário em espanhol, e, provavelmente, em nenhuma outra língua, que conte com semelhantes sistemas de prevenção para garantir a independência editorial. Esta, aliás, sempre se baseou na rentabilidade do próprio jornal e na sua capacidade de autofinanciamento, mas o presente exercícío sofreu perdas, situação que a empresa quer combater de imediato."
O "El País" afirma, por fim, que o direito à informação dos cidadãos não pertence nem à diretoria nem aos redatores, mas sim aos leitores.
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