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Preço da energia eólica é destaque em leilão com menor preço da história
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AGNALDO BRITO
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
Atualizado às 20h59.
Os projetos de geração de energia eólica foram, novamente, os grandes vencedores do leilão de energia nova realizado nesta sexta-feira pelo governo federal, em São Paulo. O início do fornecimento será em 2017.
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No total, foi contratada uma potência total de 574,3 MW em 12 projetos (dois de hidrelétricas e dez de eólicas). A novidade do leilão foi o preço final da energia de eólica, que alcançou R$ 87,94 por MWh (megawatt/hora), um novo recorde de baixa no Brasil, com deságio sobre o preço inicial de 21,5%.
Até hoje, o menor preço dessa fonte de energia contratada no país havia sido registrado em 2011, quando o valor médio do MWh foi de R$ 99,54.
O presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim, representante do governo no leilão, comemorou o resultado alcançado pelas fontes eólicas. Para o governo, esses projetos alcançaram preços tão baixos porque estão em regiões com infraestrutura de conexão à rede.
A baixa demanda também chamou a atenção no leilão. Participaram da disputa 484 empreendimentos com uma oferta total de 11.879 MW, mas apenas dez projetos, com 281,9 MW, foram contratados.
PREOCUPAÇÃO
Especialistas comemoram o benefício ambiental da expansão das fontes eólicas, mas demonstram preocupação com a operação do sistema elétrico brasileiro. Dependente da intensidade dos ventos, a eólica é a fonte que menos oferece garantia no fornecimento de energia.
"Na hidrelétrica, você está exposto ao período seco, mas sabe que vai gerar energia na época úmida. No caso da eólica, é mais difícil prever interrupções no fornecimento", diz Nivalde de Castro, coordenador do Gesel (grupo de estudos do setor elétrico da UFRJ).
"O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) terá de cobrir essas quebras de oferta praticamente em tempo real", acrescenta.
Com maior participação das eólicas na matriz energética, aumentará a necessidade de outras fontes de energia que possam complementar a oferta em momentos de escassez de ventos, como as térmicas a gás.
Para o sistema elétrico não ficar vulnerável à intensidade dos ventos, o consultor João Carlos Mello, presidente da Andrade & Canellas, recomenda uma segmentação dos leilões por fonte.
EFEITO DA MP 579
Tolmasquim também classificou de "sucesso estrondoso" a disputa pela oferta de enegia para 2017 e afirmou que o resultado foi uma "demonstração cabal" de que a polêmica MP 579 --que renovou as concessões de hidrelétricas e linhas de transmissão-- não afetou a disposição dos investidores no setor elétrico brasileiro.
"A MP 579 não alterou o interesse para o investir no setor elétrico brasileiro. Se houvesse mais demanda teríamos projetos para contratar a preços competitivos", disse o presidente da EPE.
A demanda para 2017 foi grande decepção do leilão, resultado da baixa perspectiva das concessionárias em relação ao crescimento da economia brasileira ao longo desta década. Além disso, uma guerra judicial entre o governo e o Grupo Bertin também ajudou a reduzir a demanda.
O Grupo Bertin deveria ofertar 2.000 MW em geração térmica a partir de 2013. Esse volume de energia, embora já se saiba que não será entrege pelo grupo, ainda não pode ser substituído por outro contrato. "Se a gente não tivesse esse problema, a demanda para 2017 seria maior", disse Tolmasquim.
HIDRELÉTRICAS
Além dos dez projetos eólicos, duas usinas hidrelétricas da EDP ganharam contratos que viabilizarão a instalação de mais 292,4 MW. Os projetos são Santo Antônio do Jari e Cachoeira Caldeirão.
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