Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/02/2013 - 21h00

'Petrobras colhe o que o governo plantou', diz analista

Publicidade

DO RIO
DE SÃO PAULO

A queda de 36,3% no lucro da Petrobras, para R$ 21,182 bilhões, ocorreu pela interferência do governo na estatal. A avaliação é de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.

"A Petrobras está colhendo o que o governo plantou quando fez da empresa um instrumento de política pública, o resultado é esse", afirmou.

Lucro da Petrobras cai 36,3% em 2012, para R$ 21,182 bi
Puxada por Petrobras, produção de petróleo cai 4,9% em 12 meses
Produção de petróleo no pré-sal cresce 45% em 12 meses

A relação da dívida líquida sobre a geração de caixa da companhia, que é observada pelas agências de rating para avaliar as empresas, ultrapassou a barreira limite de 2,5, chegando aos 2,77, contra o índice de 1,66 em dezembro de 2011, o que acende a luz amarela no mercado para um possível rebaixamento.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), indicador que mede a geração de caixa das empresas, ficou em R$ 53,4 bilhões em 2012., queda de 14% na comparação anual.

Já o endividamento líquido deu um salto de 43%, para R$ 147,8 bilhões. O nível de endividamento da Petrobras atingiu 30%, contra 24% há um ano, se aproximando cada vez mais do limite de 35% estipulado pela própria companhia para manter o grau de investimento junto a agências de rating.

Pires avalia que quem mais perde é o acionista minoritário da empresa. "Deviam dar um '[prêmio] Guiness' para a gestão da Petrobras. Isso não é de agora, ele [José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da estatal] conseguiu levar a Petrobras a uma situação dessas com o petróleo a US$ 100. É um absurdo isso", afirmou.

MERCADO FINANCEIRO

Os investidores já esperavam a divulgação de um resultado fraco para a estatal. As ações preferenciais (as mais negociadas e sem direito a voto) da Petrobras caíram 2,49% hoje, --o fechamento do mercado foi antes da divulgação do balanço da empresa--, enquanto as ordinárias (com direito a voto) cederam 2,79%. O movimento puxou para baixo o Ibovespa --principal índice de ações da Bolsa brasileira--, que fechou em queda de 1,28%, aos 59.575 pontos.

A Planner Corretora projetava receita líquida R$ 74,8 bilhões no quarto trimestre (alta de 1% sobre o resultado do terceiro trimestre) e lucro líquido de R$ 6 bilhões (aumento de 8%). O analista Luiz Caetano destacou, em relatório, que esses resultados ainda mostram uma geração de caixa muito abaixo da necessária para manutenção do volume de investimentos.

"Isso ocorre pela continuidade da política de preços, que tem prejudicado demais a empresa e a ação. O aumento de preços anunciado nesta semana (5,4% para o diesel e 6,6% na gasolina) foi positivo, sem dúvida, mas o percentual é insuficiente para zerar a diferença com o mercado externo", afirmou.

No quarto trimestre, a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 7,7 bilhões, valor 54% maior que os R$ 5 bilhões dos três últimos meses de 2011. A receita líquida foi de R$ 73,4 bilhões, alta de 12,5% em relação à registrada em igual período de 2011, de R$ 65,2 bilhões.

O Ebitda, no entanto, ficou em R$ 11,9 bilhões no quarto trimestre, 15% abaixo do apurado de outubro a dezembro de 2011.

CARTA

Em carta aos acionistas, a presidente da empresa, Graça Foster, discorreu sobre os motivos para a queda de lucro, que já era esperado pelo mercado.

"Este resultado, 36% inferior ao de 2011, é explicado pelo aumento da importação de derivados a preços mais elevados, pela desvalorização cambial, que impacta tanto nosso resultado financeiro como nossos custos operacionais, pelo aumento de despesas extraordinárias como a baixa de poços secos e pela produção de petróleo", afirmou.

A importação de petróleo e derivados pela companhia aumentou 4% e alcançou 779 mil barris por dia. Com isso, a empresa fechou 2012 com um déficit de 231 mil barris diários.

Editoria de Arte/Folhapress
EVOLUÇÃO DAS AÇÕES DA PETROBRAS, EM R$ Considera os papéis mais negociados (PN) na Bolsa

PRODUÇÃO EM 2013

"Em 2013, será possível alcançarmos uma produção de óleo somente no mesmo patamar de 2012. Isso porque, necessariamente, teremos grande concentração de paradas programadas de plataformas na primeira metade do ano", afirmou, no relatório, Maria das Graças Foster, presidente da empresa.

"Por outro lado, seis novas plataformas entrarão em operação nos campos de Sapinhoá, Baúna e Piracaba, Lula Nordeste, Papa-Terra e Roncador, contribuindo para a elevação da produção a partir do segundo semestre, dando sustentação para o aumento significativo da produção previsto para o ano de 2014", acrescentou.

A empresa informou ainda que os investimentos em 2012 totalizaram R$ 84,14 bilhões, sendo a maior parte dedicada aos segmentos de exploração e produção (51%) e abastecimento (34%).

Os investimentos foram direcionados ao aumento da capacidade produtiva e a modernização e ampliação do parque de refino. De acordo com a companhia, foi aprovado o Plano Anual de Negócios para 2013, no valor total de R$ 97,75 bilhões.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página