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Revista 'Caros Amigos' demite jornalistas após greve contra cortes
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DE SÃO PAULO
A revista "Caros Amigos" demitiu toda a equipe de redação na segunda-feira (11). Os 11 jornalistas que trabalhavam na revista entraram em greve na sexta-feira (8) após a empresa anunciar uma proposta de redução de 50% na folha salarial.
O diretor-geral da revista, Wagner Nabuco, diz que considerou a greve uma "quebra de confiança" e por isso demitiu a equipe. Segundo ele, a decisão é "irreversível".
O diretor-geral diz que, nos últimos três anos, a receita com venda em banca caiu 32%. A publicitária, de 12% a 15%.
A revista também enfrenta, segundo Nabuco, aumento acima da inflação nos custos com papel e distribuição. A "Caros Amigos" tem hoje 9.500 assinantes. A tiragem, que já foi de 55 mil exemplares, está em 30 mil.
Nabuco diz que a venda em banca caiu quase 30% em três anos, mas que a Editora Casa Amarela, responsável pelo título, mantém a tiragem, com prejuízo, para manter a visibilidade na banca.
"Somos uma revista de esquerda, mas também uma empresa que vive de receita e com um prejuízo que vem se acumulando", diz. "Para muita gente de esquerda, esse é o discurso do empresário liberal. É verdade. Só que somos uma empresa que está aqui, no mundo capitalista. Não está em outro mundo."
A edição de março já está pronta e deve chegar às bancas de São Paulo na quinta-feira. Para a edição seguinte, Nabuco diz que montará uma nova equipe.
Os jornalistas divulgaram uma nota lamentando a decisão da direção.
"Consideramos a precarização do trabalho e a atitude unilateral como passos para trás no fortalecimento do projeto editorial da revista, que sempre se colocou como uma publicação independente, (...) apoiando por diversas vezes, inclusive, a luta de trabalhadores de outras áreas contra a precarização no mercado de trabalho."
A atual equipe começou a ser montada em 2009 e, segundo os jornalistas, convivia com atrasos de pagamentos, falta de registro em carteira, não recolhimento de INSS e FGTS e salários abaixo do piso da categoria. Na nota, os jornalistas disseram ter tentado, ao longo dos anos, negociar melhores condições de trabalho, sem sucesso.
"O anúncio de medida drástica que atinge diretamente os trabalhadores foi feito em forma de comunicado pelo diretor-geral, sem margem para negociação. Ainda buscamos pelo diálogo reverter o problema junto à direção por uma semana. Sem margem para conversa, recorremos à paralisação como forma de ampliarmos nossas vozes, mas fomos surpreendidos mais uma vez com o comunicado da demissão coletiva", afirmaram os jornalistas na nota.
Nabuco diz que, em 16 anos, a revista passou por diversas crises e reconhece que houve atrasos de salários, "por dois ou três meses", entre 2009 e 2010. Ele admite que os jornalistas não eram contratados, mas afirma que a jornada de trabalho era de apenas quatro horas.
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