Refeição fora de casa sobe 140% em dez anos e pesa no orçamento das famílias
O gasto do brasileiro para comer e beber fora de casa aumenta há uma década acima da inflação.
Desde 2003, acumula alta de 143%, bem acima da variação de 82% do IPCA-15, prévia do índice oficial de inflação, o IPCA --só muda o período de coleta, que se encerra no dia 15 de cada mês.
Em sete desses dez anos, refeição, lanche e bebidas em restaurantes subiram mais do que a comida comprada para consumir em casa.
Não é à toa que pipocam queixas de consumidores e movimentos como o Boicota SP, que explicitou preços abusivos e expô-los na internet, como um saco de pipoca vendido no cinema a R$ 22, uma esfiha no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, a R$ 9,80 e um refrigerante de dois litros a R$ 18,90, servido nas mesas de uma padaria.
O site Boicota SP, criado pelo publicitário Danilo Corci, já tem 120 mil visitantes por dia.
"Tive a ideia porque gastava num chope e uns petiscos com amigos na Vila Madalena [bairro boêmio de SP] R$ 40 há um ano. A conta agora sai por R$ 80", afirma.
Ele conta que já recebe reclamações de todo país e prevê publicar em meados deste mês também preços abusivos e nomes de estabelecimentos de outras cidades.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
COMER FORA X EM CASA Custo de comer em casa sobe mais do que em restaurantes |
HÁBITO
Para especialistas, o hábito de comer fora encareceu mais do que a inflação com o aumento dos alimentos e custos maiores, como mão de obra (talvez o mais pesado com ganhos reais do salários mínimo nos últimos anos).
O economista da Fundação Getulio Vargas André Braz destaca outro fator de pressão, a disparada dos aluguéis comerciais. "Com a valorização imobiliária nos grandes centros urbanos, os aluguéis têm tido uma valorização relevante."
Outro motivo para a alta é que o mercado de trabalho aquecido, que fez a renda subir e criou uma nova classe de consumidores, que passaram a frequentar mais restaurantes. Além disso, com o crescimento do emprego e mais mulheres no mercado de trabalho (e com menos tempo para cozinhar), comer fora tornou-se uma hábito mais frequente.
"Mais famílias têm ido usualmente a restaurantes, o que gera uma pressão de demanda. O consumidor, no entanto, deve impor o seu limite e reduzir as frequências aos locais que subirem muito os preços."
Segundo Marcelo Moura, economista do Insper, o avanço do rendimento e do emprego fez crescer a demanda por refeições fora de casa e permitiu ainda "um repasse maior de custos mais elevados" dos estabelecimentos, sobretudo a mão de obra.
HORTALIÇAS
O curioso é que neste ano comer em casa subiu mais com o choque dos alimentos no Brasil devido ao clima desfavorável que fez disparar o preço de hortaliças, legumes e frutas --cujo caso emblemático é o tomate-- e no exterior com quebra de safra de grãos em grandes produtores como os EUA.
Com isso, a alimentação no domicílio subiu mais (15,45%) do que fora de casa (10,49%). Em ambos os casos, porém, as altas superam as do mesmo período de 2012 e a inflação pelo IPCA-15 em 12 meses até abril (6,51%).
Comer em casa, porém, ainda é mais barato --custa, em média, um terço do valor da refeição em restaurantes, segundo especialistas.
O especialista da FGV, no entanto, diz ainda que a tendência para os próximos meses é de uma desaceleração dos custos do alimento, resultado da desoneração de itens da cesta básica, em vigor desde março, e de uma safra de grãos "mais robusta" neste ano.
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