Antecipação de leilão do pré-sal faz governo adiar para novembro leilão de gás
A diretora-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Magda Chambriard, informou que o leilão de gás natural convencional e não convencional foi adiado de outubro para novembro, devido ao primeiro leilão do pré-sal ter sido antecipado para outubro.
Ela explicou que novas estimativas para o campo de Libra, único prospecto que será leiloado, a maior reserva de petróleo já descoberta no país, foi conhecida um pouco antes do leilão realizado na semana passada (11ª rodada) o que a deixou "deslumbrada", assim como aos demais membros do governo como a presidente Dilma Rousseff e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
"Ontem nos reunimos com a presidente Dilma (Rousseff) e mostramos que Libra era a melhor oportunidade para levar ao leilão do pré-sal", explicou. "Face ao deslumbramento de todos, a gente resolveu trocar (o leilão de gás pelo do pré-sal)", justificou Magda sobre a nova data escolhida pelo governo.
O dia do leilão ainda não foi marcado porque depende da agenda da presidente Dilma, segundo Magda, e por este motivo é provável que o leilão ocorra em Brasília. "A probabilidade é que seja na segunda quinzena de outubro", estimou.
A nova estimativa de Libra, após perfuração de um poço e sística tridimensional, indicou reservas de 26 bilhões a 42 bilhões "in situ", ou seja, dentro dos reservatórios mas sem garantia de recuperação. A ANP acredita que está "mais perto de 42 do que de 26", segundo a diretora.
As reservas recuperáveis, estimadas utilizando a média de 30% da indústria do petróleo, seriam portanto de 8 a 12 bilhões de barris. As reservas recuperáveis precisam ainda ser provadas. As reservas provadas brasileiras são de 14 bilhões de barris.
A estimativa anterior, avaliada pela certificadora Gaffney, Cline& Associates., era de reservas recuperáveis entre 3,7 bilhões e 15 bilhões de barris de petróleo.
Segundo Magda, apesar de menor, a nova estimativa é mais segura porque inclui as informações trazidas pela perfuração da Petrobras e sísmicas tridimensionais.
O maior campo em produção no país, Lula (ex-Tupi), também localizado na bacia de Santos, tem reservas recuperáveis de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo.
NOVA REGRA
O leilão será o primeiro sob o regime de partilha e terá bônus, plano de desenvolvimento mínimo e conteúdo nacional fixos, estabelecidos pelo governo.
No leilão da semana passada, sob o regime de concessão, esses itens eram variáveis e decidiam a disputa. Na partilha, ganha quem oferecer o maior volume de petróleo para o governo.
De acordo com Magda, o percentual de conteúdo nacional que deverá ser exigido no edital deve girar em torno dos 37%, na fase de exploração, e de 55% na de desenvolvimento e produção.
"Esta foi a indicação dada pela própria indústria na 11ª rodada para águas profundas", explicou.
O contrato de concessão terá prazo de 35 anos não prorrogáveis, o que para a executiva levará os concessionários a acelerarem a exploração.
Ela não quis antecipar como será feita a qualificação das empresas, mas como no contrato de concessão haverá um limite mínimo para a participação de cada empresa.
"Isso [leilão] é para gente grande, e nisso os chineses estão incluídos", respondeu Magda ao ser perguntada se o leilão do pré-sal atrairia as empresas chinesas, que ficaram fora do leilão de áreas em terra e da margem equatorial brasileira na semana passada.
Segundo Magda, o leilão do pré-sal seguirá a mesma rotina do demais leilões da agência e após a divulgação do edital, prevista para as próximas semanas, será realizada audiência pública para receber sugestões do mercado.
A diretora prevê que eu próximo leilão de áreas do pré-sal deverá ser realizado somente daqui a dois anos, "nunca antes de 2015", afirmou.
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