Mercado vê inflação em 2013 maior que a de 2012 e reduz previsão do PIB, diz BC
Analistas de instituições financeiras elevaram suas expectativas para a inflação em 2013, que já apontam para um patamar de alta dos preços maior que o registrado em 2012, mostrou o Boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (24).
Ao mesmo tempo, o mercado reduziu pela sexta vez consecutiva suas projeções para a expansão da economia neste ano. O Focus reúne semanalmente previsões de cerca de cem instituições financeiras do país.
A mediana das estimativas para o IPCA, índice oficial da inflação, para 2013 passou de 5,83% há uma semana para 5,86%. O patamar superou o registrado pelo IPCA em 2012, de 5,84%.
Para 2014, a mediana das projeções se manteve inalterada em 5,80%.
Já a projeção para a expansão da atividade econômica neste ano foi reduzida de 2,49% há uma semana para 2,46%. Trata-se da sexta redução seguida da estimativa.
Também recuou a previsão de crescimento para 2014, de 3,20% para 3,10%.
Economistas mantiveram a expectativa da semana passada de que a taxa básica do juro --a Selic-- encerre 2013 e 2014 a 9% ao ano.
PREÇOS
O aumento das expectativas para a inflação ocorre a despeito de o Banco Central ter acelerado o ritmo de aperto monetário com a elevação da taxa básica do juro para 8% ao ano.
Na sexta-feira, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), prévia da inflação oficial, revelou que, apesar de ter desacelerado em junho na comparação com maio, a inflação em 12 meses acumula alta de 6,67%. O resultado é superior ao teto da meta do Banco Central, baseada no IPCA, de 6,5%.
Em entrevista à Folha, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que a meta da autoridade monetária é ter uma inflação menor neste ano do que a do ano passado.
Com a disparada da inflação, o mercado passou a acreditar que o BC elevará a Selic para 9% nas próximas reuniões de seu comitê de política monetária. A alta do juro é um instrumento usado pelo governo para conter a escalada dos preços --uma vez que encarece o crédito e freia o consumo. Com menos demanda, a inflação tende a ceder.
A expectativa por um juro maior cresceu a despeito do mau desempenho da economia no primeiro trimestre --quando a expansão foi de apenas 0,6%.
VEJA AS PREVISÕES DO BOLETIM FOCUS
Indicador | 2013 | 2014 |
---|---|---|
IPCA (índice oficial da inflação) | 5,86% | 5,80% |
PIB | 2,46% | 3,10% |
Selic (ao ano) | 9% | 9% |
Produção industrial (% do crescimento) | 2,56% | 3,10% |
Taxa de câmbio (R$/US$) | R$ 2,13 | R$ 2,20 |
Balança comercial | US$ 6,50 bilhões | US$ 8 bilhões |
DÓLAR
O Focus mostrou ainda que a mediana das estimativas para o valor do dólar em 2013 foi elevada de R$ 2,10 há uma semana para R$ 2,13, enquanto a previsão para 2014 aumentou de R$ 2,15 para R$ 2,20.
Na semana passada, o dólar à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, acumulou alta de 5,7%, tendo fechado a sessão de sexta-feira em R$ 2,26. O preço é o maior desde 1º de abril de 2009.
A alta da moeda americana é reflexo da saída de recursos do Brasil, principalmente de aplicações de maior risco. O movimento ocorreu diante da indicação do banco central dos EUA de que a instituição começará a cortar os estímulos econômicos no país ainda neste ano.
O mercado também aposta do aumento dos juros dos EUA, o que deixa os títulos do Tesouro do país mais atraentes e tem provocado uma migração de recursos alocados em países emergentes.
Economistas esperam que a alta do dólar também tenha impacto sobre a inflação.
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