Com grupo EBX endividado em dólar, alta da moeda é preocupação para Eike
Endividadas em dólar, empresas do grupo EBX, de Eike Batista, têm mais um motivo para preocupação: a recente valorização da moeda estrangeira.
A OGX, petroleira do grupo, possui a situação mais crítica. O percentual da dívida em moeda estrangeira chegou a 92% no primeiro trimestre do ano, período do balanço mais recente. Na OSX, indústria naval e "offshore", o número era de 72%.
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Empresas de Eike têm dívidas com 11 bancos de R$ 7,9 bi
A oscilação do câmbio é contabilizada no balanço e se reflete nos resultados financeiros. A consequência é um lucro menor ou um prejuízo maior. No ano, até junho, a moeda norte-americana se valorizou em 8,97%.
"As empresas de Eike que são operacionais pouco produzem. A geração de caixa dessas companhias ainda é baixa e, com uma dívida alta em dólar, vai ser um festival de prejuízos", diz Pedro Galdi, economista-chefe da SLW Corretora.
Do ponto de vista dos investidores, resultados negativos das empresas do grupo EBX devem abalar ainda mais a confiança do mercado.
Nos últimos meses, a petroleira de Eike viu a cotação das suas ações despencar com a frustração dos investidores em relação a sua produção.
O valor de mercado da companhia caiu de R$ 41 bilhões, em junho de 2008 (data de ingresso na Bolsa), para R$ 4,47 bilhões, no mês passado.
PROTEÇÃO
A OGX informa que possui um "hedge" (proteção) natural por ter receita em moeda estrangeira, mas o efeito pode não ser total.
"Se a receita não for no mesmo patamar da dívida, a empresa não estará completamente protegida", afirma Marcos Piellusch, professor da FIA (Fundação Instituto de Administração).
A OGX acrescenta que a sua dívida em moeda estrangeira é de longo prazo.
Os vencimentos serão
em junho de 2018 e abril de 2022. Ou seja, só nessa data precisará desembolsar o pagamento.
Mesmo assim, as variações que ocorrerem até lá entram na conta do balanço financeiro: sem desembolso de caixa, mas com o reflexo no resultado.
Por outro lado, há um efeito positivo na variação cambial. A depreciação do real resulta em uma base menor de cálculo para o Imposto de Renda.
REESTRUTURAÇÃO
Uma das principais preocupações do mercado com o grupo é o endividamento das companhias.
Com o objetivo de acalmar os investidores, Eike anunciou recentemente que a holding EBX concluiu a restruturação da sua dívida.
Segundo ele, restaram apenas as dívidas de longo prazo, que têm um custo menor.
Em meio a essa reestruturação e com limitação de caixa, o grupo também tem negociado a venda de ativos.
Para um analista que preferiu não se identificar, a dívida maior (quando é feita a conversão para o real) pode ser um fator negativo nas negociações.
Na opinião dele, quem pretende comprar alguma empresa do grupo pode oferecer menos por ela usando o argumento do aumento da dívida.
Editoria de Arte/folhapress | ||
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