Inflação oficial sobe 0,03% em julho e volta a ficar dentro da meta do governo
Após período de maior pressão sobre os preços de alimentos e com a revogação do aumento das passagens de ônibus em diversas capitais, o ritmo de alta da inflação em julho caiu e o acumulado em 12 meses voltou a ficar dentro da meta estipulada pelo governo para o ano.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial e referência do sistema de metas do governo, registrou alta de 0,03%, abaixo dos 0,26% apurados em junho.
Trata-se da menor variação mensal desde julho de 2010, quando o IPCA tinha também ficado próximo à estabilidade.
O resultado do índice foi próximo do esperado pelo mercado, que previa estabilidade.
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Com o resultado, a taxa acumulada de janeiro a julho ficou em 3,18%. Já a inflação em 12 meses continua acima dos 6%, com variação positiva de 6,27%.
Apesar disso, voltou a ficar abaixo do teto da meta do governo (6,5%). Neste ano, o teto foi estourado em março (6,59%) e em junho (6,7%).
"Basicamente dois grupos, importantes nas rendas das famílias, ajudaram muito a conter a inflação: os alimentos e os transportes", afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísica).
ALIMENTAÇÃO
O grupo Alimentação e Bebidas manteve o processo de desaceleração: após alta de 0,04% em junho, teve deflação de 0,33% no mês passado.
Segundo o IBGE, não ocorria queda nos preço dos alimentos desde julho de 2011, quando apresentou queda de 0,34%.
De acordo com Eulina, esse movimento ocorre com a "safra muito grande" deste ano, o que ajuda a reduzir a pressão sobre o preço dos alimentos. O tomate, que foi o vilão da inflação no começo do ano, teve queda de 27,25% no mês. Apesar disso, ainda acumula alta de 4,62% no ano.
Com a revogação do aumento das passagens de ônibus em diversas capitais após as manifestações que ocorreram no país, o grupo dos Transportes teve queda de 0,66%. Foi a queda mais intensa no grupo desde junho de 2012 (-1,18%).
Os dois grupos têm juntos peso de 43,8% sobre o índice, sendo as despesas mais importantes no orçamento das famílias.
As tarifas dos ônibus urbanos ficaram 3,32% mais baratas e lideraram a relação dos impactos para baixo, com -0,09 ponto percentual.
Na outra ponta, a maior pressão sobre a inflação ocorreu no grupo Despesas Pessoais, que tiveram variação de 1,13%. De acordo com o IBGE, houve pressão do custo dos empregados domésticos (1,45%), recreação (1,25%) e cabelereiro (1,62%).
O IPCA é pesquisado mensalmente em nove regiões metropolitanas e duas capitais do país (Brasília e Goiânia) para famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos.
CÂMBIO
A especialista do IBGE afirmou que ainda não há evidencia forte no mês de julho de pressão do dólar sobre a economia.
"Numa situação em que vários preços estão em queda fica difícil evidenciar o efeito dólar. A menos em alguns itens específicos, como excursão [alta de 6,49% no mês] e a farinha de trigo, que além da questão do dólar tem uma menor oferta [aumento de 1,33%]."
AGOSTO
Segundo Eulina, ainda não há previsão de nenhum impacto relevante dos preços administrados (combustíveis, utilidades públicas, remédios etc.) em agosto sobre a inflação.
"A queda dos ônibus urbanos já foi praticamente toda absorvida em julho, o que não vai se repetir em agosto."
Para a consultoria LCA, a inflação deve voltar a se acelerar em agosto. A consultoria prevê alta de 0,32% no mês.
"Acreditamos que o IPCA acelerá em agosto, sobretudo por projetamos que o grupo Alimentos e Bebidas trará relevantes pressões de panificados, derivados de trigo e carne, sem contar que dificilmente veremos a repetição do alívio gerado em julho por parte do tomate, arroz, aves e ovos, feijão e frutas", diz a consultoria em relatório.
*
VEJA A VARIAÇÃO DE PREÇOS NOS PRINCIPAIS GRUPOS:
Grupo | Variação (%) - Julho |
---|---|
Índice Geral | 0,03 |
Alimentação e Bebidas | -0,33 |
Habitação | 0,57 |
Artigos de Residência | 0,28 |
Vestuário | -0,39 |
Transportes | -0,66 |
Saúde e Cuidados pessoais | 0,34 |
Despesas Pessoais | 1,13 |
Educação | 0,11 |
Comunicação | 0,20 |
PRINCIPAIS QUEDAS DOS ALIMENTOS:
Item | Variação Mensal (%) - Julho | Acumulado 12 meses | Acumulado ano |
---|---|---|---|
Tomate | -27,25 | -20,92 | 4,62 |
Cebola | -10,9 | 43,26 | 41,57 |
Cenoura | -5,04 | 8,67 | 37,23 |
Feijão-carioca | -4,96 | 23,18 | 34,01 |
Batata inglesa | -4,87 | 103,88 | 59,67 |
Feijão fradinho | -3,96 | 6,3 | 5,28 |
Alho | -3,37 | 12,77 | -0,63 |
Frutas | -2,60 | 14,06 | 8,20 |
Farinha de mandioca | -2,06 | 119,83 | 34,00 |
Frango em pedaços | -2,00 | 7,43 | 3,98 |
Óleo de soja | -1,93 | -5,88 | -13,63 |
Açúcar cristal | -1,67 | -12,58 | -10,31 |
Açúcar refinado | -1,60 | -11,2 | -14,72 |
Margarina | -1,59 | 7,32 | -0,08 |
Café moído | -1,28 | 1,59 | -4,64 |
Iogurte | -1,21 | 10,85 | 6,50 |
Frango inteiro | -0,81 | 15,64 | -1,51 |
Hortaliças | -0,75 | 8,59 | 15,49 |
Carnes industrializadas | -0,59 | 12,38 | 1,05 |
Ovo de galinha | -0,46 | 24,54 | 13,74 |
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