Bolsa tem queda na semana, mas registra melhor mês desde dezembro
Após oscilar entre altas e baixas, o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou esta sexta-feira (30) em leve alta de 0,17%, a 50.008 pontos. Com este desempenho, o índice acumulou ganho de 3,68% --melhor desempenho mensal desde dezembro do ano passado, quando avançou 6,05%.
O Ibovespa chegou a subir 1,12% pela manhã após a economia brasileira ter crescido 1,5% no segundo trimestre, maior que as projeções de avanço entre 0,8% e 1%, mas perdeu força em meio a incertezas sobre o cenário interno e internacional.
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Mesmo que a economia tenha apresentado bom desempenho no segundo trimestre, o mercado olha com cautela as perspectivas de um terceiro trimestre mais fraco.
"Projetamos queda da produção industrial e um baixo crescimento das vendas no varejo em julho, além disso a queda nos indicadores de confiança ainda deve se fazer sentir sobre a atividade econômica e o desaquecimento do mercado de trabalho restringirá a recuperação no consumo", diz Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora, em relatório.
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a economia brasileira deve ficar estacionada no terceiro trimestre. "A indústria com certeza não vai repetir o excelente desempenho que teve entre abril e junho. Aliás, já em julho, a indústria deve ter queda entre 1% e 1,5%, o que vai impactar o resultado final do terceiro trimestre", diz.
Apesar disso, a Gradual Investimentos alterou sua projeção de PIB do Brasil para 2013 de 2,1% para 2,7%.
Influenciou a instabilidade do mercado a expectativa de redução do programa de estímulos do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, após a divulgação de indicadores positivos naquela economia nesta manhã.
Relatório do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informou que o ritmo da atividade empresarial no Meio-Oeste americano aumentou em agosto e os preços de insumos atingiram valor máximo em nove meses.
O impasse sobre uma possível intervenção militar liderada por países do ocidente na Síria alimentava ainda mais o sentimento de cautela, depois que a Grã-Bretanha afirmou que não participaria de nenhuma ação após o governo perder uma votação parlamentar sobre a questão.
No entanto, o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, informou que mesmo após a Grã-Bretanha rejeitar uma ação militar, os Estados Unidos continuarão buscando uma coalizão internacional para agir na Síria. A França afirmou que ainda apoia a ação.
Ações mais negociadas da Petrobras caíram 0,59% hoje, a R$ 16,80, pressionando o desempenho do Ibovespa uma vez que esses papéis representam cerca de 8% do índice.
Os papéis da petroleira ainda sentem reflexo da incerteza sobre uma possível elevação no preço do combustível em meio ao avanço do dólar, uma vez que a estatal importa gasolina mais cara e vende por um valor menor por causa da política do governo de controle da inflação.
CÂMBIO
No câmbio, o dólar à vista --referência para as negociações no mercado financeiro-- fechou o dia em alta de 0,86% em relação ao real, para R$ 2,380. Com este desempenho, a moeda fechou o mês com avanço de 3,76%. Na semana, houve valorização de 0,48%.
Já o dólar comercial --utilizado no comércio exterior-- encerrou o dia com alta de 0,63%, a R$ 2,385.
O avanço da moeda americana aconteceu mesmo com atuações do Banco Central mais pesadas que o previsto.
A autoridade monetária realizou um leilão de swap cambial tradicional --equivalente a venda de dólares no mercado futuro-- em que foram vendidos todos os 30 mil contratos ofertados por US$ 1,492 bilhão. Os papéis têm vencimentos em 1º de novembro de 2013 e 2 de janeiro de 2014.
Além disso, o BC também realizou um leilão de linha, com a venda de até US$ 1 bilhão em duas etapas. Nesses leilões, o BC coloca no mercado, no momento da operação, determinada quantia em dólares com a garantia de recomprá-la após alguns meses, independentemente do valor que a moeda vai ter.
A operação é parte do plano da autoridade para conter a escalada do dólar. O programa do BC --que começou a valer em 23 de agosto-- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais de segunda a quinta, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro.
Às sextas-feiras, o BC oferecerá US$ 1 bilhão por meio de linhas de crédito em dólar com compromisso de recompra -mecanismo que pode conter as cotações sem comprometer as reservas do país.
Segundo operadores, também influenciou a cotação do dólar hoje a formação da Ptax (média diária da cotação do dólar comercial calculada pelo Banco Central) que serve de referência para alguns contratos, para o mês de agosto.
Com Reuters
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