Conselho da Petrobras marca reunião extraordinária para a próxima sexta
O Conselho de Administração da Petrobras decidiu realizar uma reunião extraordinária na próxima sexta-feira (8), além da já prevista para o dia 22, quando será apresentada a nova metodologia de ajuste de combustíveis da companhia.
Segundo a presidente da estatal, Graça Foster, na primeira reunião, que será por teleconferência, não será debatida a nova fórmula e nem o plano de negócios para o período 2014-2018, que está em plena elaboração.
Nesta terça-feira (5), a empresa lançou um novo programa de investimento socioambiental, no valor de R$ 1,5 bilhão, que reúne projetos sociais, ambientais e socioesportivo para o mesmo período do plano (2014-2018).
A executiva não quis antecipar a pauta da reunião de sexta, mas uma fonte da companhia informou que possivelmente serão discutidos novos desinvestimentos que serão sendo feitos pela empresa. Até outubro, a Petrobras já tinha vendido US$ 4,3 bilhões em ativos dentro e fora do país. Até 2017 estão previstos mais US$ 5,6 bilhões em venda de ativos.
A nova fórmula de ajuste do preço da gasolina e do diesel já foi aprovada pela diretoria da Petrobras e, segundo conselheiros, também será aprovada na reunião do dia 22.
A metodologia será baseada em variáveis como o preço de referência desses derivados no mercado internacional, taxa de câmbio e ponderação associada à origem do derivado vendido, se refinado no Brasil ou importado.
A empresa está fazendo ajustes na fórmula a pedido do presidente do Conselho e ministro da Fazenda, Guido Mantega, para que o aumento tenha o menor impacto possível na inflação.
A tendência é de que sejam feitos ajustes semestrais ou anuais. O primeiro ajuste seria em novembro deste ano, segundo a fonte.
Apesar do governo negar que será uma nova conta-petróleo, utilizada pelo governo até 2002 para proteger o mercado interno da volatilidade internacional do preço da commodity, a nova fórmula também terá um mecanismo para proteger o consumidor, mas que ainda não foi detalhada pela companhia. Com isso, a empresa evita impactar a inflação, maior obstáculo para o ajuste de preço da Petrobras.
A defasagem dos preços dos combustíveis se encontra atualmente em cerca de 6% para a gasolina e 17% para o diesel. A empresa tem sido obrigada a importar ao preço praticado no mercado internacional e vender a um valor mais baixo no Brasil, o que tem sufocado o caixa da companhia que pretende investir US$ 236,5 bilhões até 2017.
REAJUSTE
Desde que assumiu o cargo, em fevereiro de 2012, Graça Foster insiste na necessidade de reajuste da gasolina. A Fazenda, por seu turno, resiste diante da necessidade de controlar a inflação.
Desde 2003, primeiro ano do governo do PT, a Petrobras só conseguiu fazer caixa e manter seus preços acima das cotações internacionais por um período mais longo entre o fim de 2008 e janeiro de 2010.
Para Adriano Pires, sócio da CBIE, a Petrobras perdeu "margem de manobra" nos últimos anos para segurar reajustes. É que sua produção de petróleo (outra fonte de receita, se houvesse excedente para exportar) ficou estagnada, o país perdeu a autossuficiência e as importações de combustíveis dispararam, onerando o caixa da estatal.
Até 2009, a Petrobras produzia toda a gasolina consumida no Brasil. Agora, 12% do mercado é suprido por importações, cujo custo é superior ao do combustível refinado pela estatal no Brasil.
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