Análise: Dilma deve terminar mandato com juro similar ao que recebeu
Depois de tratar a queda dos juros como meta econômica e trunfo político, a presidente Dilma Rousseff caminha para encerrar o mandato com taxas iguais ou semelhantes às que herdou.
Lula fechou 2010 com juros de 10,75%, já então insuficientes para domar a inflação, de 5,91% naquele ano -o mesmíssimo IPCA do ano passado, que dá impulso a uma Selic de 10,5% ou mais até o fim deste ano.
Portanto, ao final de uma gestão de surpresas e inovações teóricas do Banco Central e da Fazenda, o panorama da política monetária da presidente desenvolvimentista volta ao ponto de partida.
O BC de Alexandre Tombini reduziu o juro a patamares historicamente baixos com o argumento de que o desaquecimento da economia se encarregaria de trazer a inflação de volta à meta.
Enquanto a queda das taxas era explorada por Dilma em pronunciamentos de TV, a freada econômica superava as previsões do BC, mas nem assim a inflação caía como o desejado.
Já o ministro Guido Mantega começou com o anúncio de que um controle mais rígido das contas públicas permitiria maior alívio monetário; depois, abandonadas as metas fiscais, saiu-se com a tese de que a expansão de gastos não alimentava o consumo e os preços.
A equipe de Dilma ainda discursa como se os juros estivessem baixos ou em queda -é um dos motivos apontados pelos petistas para as críticas à política econômica de analistas real ou supostamente ligados ao mercado.
Mas os juros reais, acima da inflação, já saltaram de menos de 2% para mais de 4% ao ano, em aparente rumo aos 5% que os especialistas contestados pelo governo consideram ser a taxa necessária para conter a inflação.
Trabalhos produzidos no FMI (Fundo Monetário Internacional) e na FGV (Fundação Getulio Vargas) apontam que esse percentual tende a ser atingido com a recuperação da economia global e o fim da era dos juros negativos no mundo rico.
Enquanto os Estados Unidos já sinalizam alguma melhora, projeções médias de bancos e consultorias para a Selic estão em alta e já chegam a 10,6% para o fim deste ano e 11,2% para 2015.
Ainda que previsões do gênero sejam falhas por natureza, nada no horizonte visível sugere uma nova queda dos juros. No mínimo, pelas apostas mais consensuais, a taxa ficará onde está.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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