Nova taxa de desemprego vai atrapalhar cálculo da inflação
A nova forma de calcular e divulgar a taxa de desemprego do país vai interferir no cálculo da inflação oficial.
O IBGE divulga nesta sexta-feira (17) os primeiros resultados da nova pesquisa de emprego. Mais abrangente, trará dados de 3.500 cidades, mas só será divulgada a cada três meses.
A nova periodicidade vai interferir na inflação, que utiliza dados do rendimento de empregados domésticos e de trabalhadores de pequenos reparos (pintor, pedreiro etc.) da atual pesquisa mensal de emprego -só coleta dados nas seis maiores regiões metropolitanas.
A variação desses preços se soma a 363 itens para compor a inflação brasileira.
O trabalho doméstico representa quase 4% da inflação, mais importante do que a gasolina, por exemplo, no custo de vida das famílias. Mão de obra para reparos responde por outros 1,45%.
INFLAÇÃO
Além de relevantes, os itens têm pressionado a inflação nos últimos anos. Em 2013, o empregado doméstico subiu 11,26%, quase o dobro da inflação (5,91%). A mão de obra, 9%.
A divulgação de informações mensais enfrenta uma barreira metodológica, observa José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio e sócio da Opus Investimentos.
Na nova pesquisa, cada entrevistado só é visitado uma vez a cada três meses, ao longo de cinco trimestres. Hoje, a consulta é mensal, por quatro meses. A mudança, diz Camargo, propiciará o acompanhamento das mesmas famílias por um ano inteiro. Por outro lado, não permite a produção de dados mensais.
"Nos EUA, a dificuldade foi superada com modelos de estimação matemática de dados trimestrais para cada mês."
MAIS ALTA
Apesar de coberturas distintas da população, economistas estimam que a nova taxa de desemprego será mais elevada.
Não se trata de um aumento da desocupação, mas de uma mudança de patamar resultante de diferenças na amostra e no conceito de desempregados e ocupados.
Em 2012, a taxa de desemprego pela atual pesquisa foi de 5,5%. Já a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, em 1.100 municípios) apontava uma desocupação maior, de 6,2%. Nas regiões metropolitanas, foi de 7,2%.
Só esses dados, diz Fernando de Holanda Barbosa, da FGV, indicam uma taxa mais alta. "Pode esquecer 5%, será um patamar mais elevado."
Estimativa feita pela consultoria MCM indica que o desemprego nas seis regiões metropolitanas deve mudar de 5,4% para 8,1% na nova pesquisa. A estimativa considera as taxas de 2012.
"Apesar da diferença, a nova pesquisa deve mostrar um mercado de trabalho igualmente apertado", afirma Fernando Genta, economista-chefe da MCM
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