Índice de confiança do consumidor em SP é o menor desde novembro de 2005
O nível de confiança dos consumidores paulistanos atingiu, em abril, o menor nível desde novembro 2005.
O índice, medido pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo), caiu 4,4% em relação a março. Na comparação com abril do ano passado, a queda é ainda maior: 22,7%.
O indicador, termômetro da percepção das pessoas sobre a situação econômica do país, vai de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total). Em abril, ficou em 120,2 pontos.
Nesse patamar, mostra que os paulistanos estão pouco otimistas com o cenário atual e quanto as perspectivas de desempenho da economia para os próximos meses.
Para o assessor técnico da Fecomercio-SP, Fábio Pina, o maior desânimo estaria ligado às altas dos índices de preços ao consumidor, sobretudo de bens de consumo, como alimentos. Em março, a inflação subiu 0,92%, puxada pelo grupo alimentação, que cresceu 1,92%.
Também contribuiu para o pessimismo a maior dificuldade para obter crédito, o que aconteceu por prazos mais curtos de pagamento e taxas de juros mais altas.
Segundo o Serasa Experian, a quantidade de pessoas que buscou crédito caiu 3,2% no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado. Em março, o recuo foi de 7,5% frente a março de 2013.
Para o Serasa, a aceleração da inflação e o menor grau de confiança dos consumidores provocaram a queda, que foi maior entre quem ganha até R$ 500 por mês (7,6%).
"As pessoas passam a ter um receio de que não vão recuperar o poder de compra, outras pensam que não vão ter emprego. Se fala muito dessa tendência negativa, então as pessoas começam a perceber como isso afeta suas vidas", diz Pina.
O varejo também sentiu os efeitos da menor confiança do consumidor.
De acordo com o Indicador de Atividade do Comércio, também medido pela Serasa Experian, o movimento nas lojas de todo país caiu 3,3% em março em relação a fevereiro.
POLÍTICA FISCAL
Pina diz que além da inflação alta, sinal da deterioração atual, a política fiscal do governo é o principal problema estrutural da economia.
Isso porque a grande arrecadação, impulsionada por uma pesada carga tributária, não seria aplicada de forma eficiente.
Assim, o consumidor sente no bolso os tributos, mas não vê a melhoria de serviços públicos, nem o aumento dos investimentos em infraestrutura.
"Temos um estado muito grande, com grande arrecadação, mas que não funciona. Nossa economia ainda é muito fechada para o exterior. Ainda estamos acomodados na onda das commodities, mas isso já acabou. É preciso repensar a estrutura", diz.
O assessor da Fecomercio não vê uma melhora do índice de confiança. No curto prazo, diz, o ICC pode melhorar temporariamente caso a inflação caia. No entanto, no médio e longo prazo, a tendência é de queda.
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