Nokia ganha terreno com mapas digitais
Os esforços da Nokia para mapear o mundo todo digitalmente podem ser a joia oculta nas propriedades da empresa, depois de concluída a venda de sua problemática divisão de celulares à Microsoft, por US$ 7,5 bilhões.
O objetivo da Nokia com seu sistema de mapeamento, conhecido como Here e desenvolvido em Berlim, é ambicioso: criar os mais detalhados e atualizados mapas digitais do planeta.
Nos smartphones, o Here é superado pelo Google Maps, que tem 1 bilhão de usuários no mercado móvel, de acordo com estimativas, e é beneficiado por ser instalado como padrão nos celulares equipados com o sistema operacional Google Android.
O Here, que é o aplicativo de mapas padrão nos celulares equipados com o Windows, tem 100 milhões de usuários em smartphones.
Mas, no mapeamento para automóveis, o Here domina, com mais de 80% do mercado mundial de sistemas de navegação instalados em fábrica -e são o Google e a Apple que estão na corrida para recuperar o atraso.
A Nokia diz que seus produtos de mapeamento, atualizados 2,7 milhões de vezes por dia, são mais precisos que as ofertas dos rivais e que sua capacidade de personalizar mapas para diferentes usuários serve para distingui-los.
O Google, de sua parte, afirma que seus mapas mudam dezenas de milhares de vezes ao dia e que a empresa usa algoritmos complexos e informações externas como dados do Serviço de Recenseamento dos Estados Unidos a fim de desenvolver mapas para 198 países.
Embora rivais como a Apple tenham tentado ingressar no ramo de mapeamento mundial, eles até o momento não encontraram sucesso.
"Mapeamento é uma tecnologia cara", diz Annette Zimmermann, analista do grupo de pesquisa Gartner.
"Se você ainda não começou a construir o que esses caras já construíram, não vale a pena começar agora."
A despeito de sua forte posição, a unidade de mapeamento da Nokia no ano passado só gerou 7% de toda sua receita, ou US$ 1,2 bilhão, excluídos os resultados da divisão de celulares, de acordo com a empresa.
A divisão também apresentou prejuízo operacional de US$ 212 milhões no mesmo período, já que a Nokia continuou a investir nas operações da unidade, que tem 6.000 funcionários, ou cerca de 11% da força de trabalho remanescente do grupo.
Os números financeiros fracos levaram analistas a questionar se a companhia conta com recursos suficientes para manter o ritmo de investimento requerido para um serviço de mapeamento.
Já há rumores de que a Nokia pode decidir vender a divisão ou promover sua cisão, para focar redes móveis.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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