Petrobras vê lucro cair 30% no 1º trimestre, para R$ 5,393 bilhões
A Petrobras lucrou R$ 5,393 bilhões no primeiro trimestre deste ano, 30% menos que em igual período de 2013. A menor produção de petróleo, a provisão bilionária para o programa de demissão voluntária e o crescente prejuízo na área de abastecimento foram os grandes vilões do balanço da estatal.
Apesar da queda, a cifra ficou ligeiramente acima da média das expectativas de 11 analistas consultados pela Reuters, que apontou um ganho de R$ 5,24 bilhões no período.
Na comparação com o quarto trimestre, o lucro da estatal caiu 14%. Um dos motivos foi a ocorrência do benefício fiscal de R$ 3,2 bilhões no quarto trimestre relativo ao provisionamento de juros sobre capital próprio.
O faturamento da companhia somou R$ 81,5 bilhões, com expansão de 12% frente ao primeiro trimestre de 2013 graças ao reajuste dos preços dos combustíveis em novembro. Em relação ao quarto trimestre, houve alta de apenas 1%.
O aumento dos combustíveis em novembro não foi suficiente para mudar o quadro da Petrobras: a petroleira continua comprando derivados de petróleo (como gasolina e diesel) no mercado internacional e revendendo no Brasil com preço menor por causa da política do governo de evitar novos reajustes para não prejudicar a inflação no país.
O prejuízo da área de abastecimento, responsável pelas importações, subiu de R$ 4,249 bilhões no primeiro trimestre de 2013 para R$ 4,808 bilhões de janeiro a março deste ano.
Já o Ebitda ajustado –indicador que mede a geração de caixa das empresas– correspondeu a R$ 14,349 bilhões no primeiro trimestre, com queda de 12% frente a igual período de 2013. O mercado acionário também penalizou a companhia e seu valor de mercado caiu 12%, atingindo R$ 200 bilhões.
GRAÇA FOSTER
Apesar do lucro menor, a presidente da Petrobras, Graça Foster, ressaltou, em nota, que o crescimento do lucro operacional –de 8%, para R$ 7,6 bilhões– por conta do preços maiores dos derivados.
"Esse aumento é explicado pelos maiores preços de derivados, função dos aumentos de diesel e gasolina ocorridos em novembro de 2013, e pela menor participação de derivados importados nas vendas ao mercado interno."
Por outro lado, houve, diz, "aumento das despesas operacionais devido à provisão extraordinária de R$ 2,4 bilhões referente ao PIDV (Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário), que contou com a adesão de mais de 8 mil empregados.
O PIDV impactou em R$ 1,6 bilhão o lucro líquido, segundo a Petrobras. O plano foi lançado em janeiro e teve adesão de 8.298 trabalhadores da estatal, ou 12,4% dos empregados. Até o fim deste ano, pelo menos 4.564 deles deverão deixar a empresa.
O objetivo da Petrobras é reduzir os custos. A companhia estima que, com a iniciativa, "de forma conservadora", sejam eliminadas despesas da ordem de R$ 13 bilhões até 2018.
Segundo a Petrobras, o PIDV tem por objetivo "adequar o efetivo da companhia aos desafios do Plano de Negócios e Gestão 2014-2018" e também às metas do Programa de Otimização dos Custos Operacionais.
Rich Press/Bloomberg | ||
Plataforma da Petrobras; empresa lucrou R$ 5,39 bi no 1º tri, queda de 30% em relação ao 1º tri de 2013 |
CRISE
A Petrobras é alvo de pedidos de instalação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso devido à suspeita de compra superfaturada da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Na época, Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da estatal, que autorizou a compra de 50% da refinaria em 2006.
Os obstáculos da empresa envolvem também seu alto grau de endividamento e investigações sobre suposto recebimento de propina por funcionários em negócios com a holandesa SBM Offshore.
Em outubro de 2013, um ex-funcionário da SBM denunciou no site colaborativo Wikipedia, que funcionários da Petrobras teriam recebido US$ 139 milhões da SBM em propinas, entre 2007 e 2011.
A Petrobras fez investigação interna e disse não ter encontrado irregularidades. A SBM concluiu que pagamentos de US$ 127 milhões foram feitos ao "principal representante" no Brasil, mas que corresponderam a serviços prestados.
O caso é investigado pela Controladoria Geral da União, pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.
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