Para diminuir custos, comerciais brasileiros 'fogem' para o exterior
O comercial é brasileiro, mas não estranhe se o cenário lembrar mais um país vizinho do que as ruas do Brasil. A "fuga" para o exterior é uma alternativa cada vez mais frequente para as produtoras que tentam diminuir seus custos.
O total de filmes publicitários nacionais gravados no exterior mais que triplicou entre 2012 e 2013, segundo pesquisa da Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais).
Editoria de Arte/Folhapress |
As obras gravadas em locações fora do país passaram de 50, em 2012, para 184, em 2013, avanço de 268%.
Um dos principais motivos para esse movimento é o alto custo de se conduzir um projeto audiovisual no Brasil.
Pelas regras da Ancine, um comercial gravado fora só é considerado nacional quando ao menos um terço da equipe responsável e o diretor são brasileiros ou estrangeiros radicados no país.
Além disso, a agência cobra, pela Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional), uma taxa de R$ 28 mil –valor que está congelado desde 2002–, para permitir que a publicidade seja exibida aqui por até cinco anos.
Na prática, ainda que a produtora precise levar profissionais para um outro país e arcar com a regularização ao trazer o filme para o Brasil, gravar fora vale a pena.
Segundo Egisto Betti, produtor-executivo da Paranoid, o comercial do Up!, da Volkswagen, gravado no Uruguai, poderia ter ficado até 40% mais caro se feito no Brasil.
Para o produtor Paulo Schmidt, da Academia de Filmes, isso ocorre sobretudo porque o custo de vida nos países vizinhos é mais baixo.
"Mas, se um técnico daqui deixa de trabalhar em determinada locação, ele tem mais oportunidades com as leis de incentivo", opina Schmidt.
O Sindcine (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Cinematográfica) contesta que os profissionais brasileiros sejam caros. A Ancine não comentou os números da pesquisa.
Diretora-executiva da Apro, Sonia Piassa afirma que países como o Uruguai têm infraestrutura, bons profissionais e baixa burocracia.
"Já vi produtor fechar uma rua no Uruguai com um telefonema. Em campanhas que demandam logística, como de automóveis, as produtoras se sentem mais seguras."
Divulgação | ||
Comercial do Up!, nova aposta da Volkswagen para o segmento popular, gravado na capital do Uruguai |
MAIS ESTRANGEIROS
Na contramão, o número de estrangeiros que vêm ao Brasil filmar campanhas publicitárias aumentou 58% desde 2010, segundo o FilmBrazil, projeto da Apro que tenta aproximar estrangeiros do mercado brasileiro.
Para Marianna Souza, do FilmBrazil, o país tem regras mais sofisticadas que vizinhos protecionistas, como a Argentina, mas falta muito.
"As produtoras reclamam da alta nos preços e ainda não há uma política pública para facilitar e manter as produções nas cidades brasileiras."
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