Indústria cai em metade das regiões pesquisadas em maio, diz IBGE
A indústria nas diversas regiões do país em maio repetiu o mesmo ritmo fraco de atividade em nível nacional diante de um consumo retraído, juros maiores, crédito restrito e maior concorrência de importados.
Diante desse cenário, sete das 14 áreas pesquisadas pelo IBGE apresentaram queda no mês.
O tombo ocorreu em importantes polos industriais. Dentre eles, os destaques ficaram com Amazonas, com recuo de 9,7%, Bahia (-6,8%) e região Nordeste (-4,5%).
Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (10).
Também tiveram retração de abril para maio Rio de Janeiro (-1,6%), Espírito Santo (-1,4%) e Rio Grande do Sul (-1%) –em todos os casos, acima da média nacional (-0,6%).
Pernambuco (-0,2%) mostrou queda mais moderada.
No Rio, o destaque negativo foi a menor produção de combustíveis.
No Amazonas, o recuou foi determinado pela forte queda da produção de TVs e itens de informática –já numa efeito de "ressaca" da Copa, uma vez que consumo mostra sinais de desaceleração.
ALTAS
Por outro lado, Pará (4,2%), puxado pela maior produção de minério de ferro da Vale, e Goiás (2,1%) assinalaram as maiores expansões em maio e avançaram pelo quarto mês seguido.
Ceará (1,2%), Paraná (1,1%), São Paulo (1%), Minas Gerais (0,5%) e Santa Catarina (0,3%) completaram o conjunto de locais com taxas positivas de abril para maio.
Na média geral, a indústria caiu 0,6% em maio frente a abril. Foi o terceiro mês consecutivo de retração.
No ano, o setor acumula uma perda de 1,6%. Analistas esperam que a produção neste ano recue entre 0,8% e 1% –estimativa pior do que o projetado inicialmente, quando especialistas ainda esperavam, ao começo do ano, uma ligeira recuperação do setor.
Um dos setores mais afetados é o de veículos, cuja produção declina mesmo com o incentivo do IPI reduzido.
VEJA O DESEMPENHO POR REGIÃO PESQUISADA (em %)
REGIÃO | MAI.14/ABR.14 | MAI.14/MAI.13 | NO ANO | EM 12 MESES |
---|---|---|---|---|
Amazonas | -9,7 | -5,8 | 4,5 | 6,1 |
Pará | 4,2 | 36,3 | 18 | 8,8 |
Região Nordeste | -4,5 | -2,1 | 1,6 | 2,2 |
Ceará | 1,2 | 1,1 | 0 | 7 |
Pernambuco | -0,2 | 1,7 | 5,7 | 2,8 |
Bahia | -6,8 | -6,6 | -2,8 | 1,7 |
Minas Gerais | 0,5 | -4,1 | 0,2 | -0,7 |
Espírito Santo | -1,4 | 0,3 | -3,3 | -3,8 |
Rio de Janeiro | -1,6 | -7,9 | -4,3 | -2,3 |
São Paulo | 1 | -3,6 | -4,7 | -0,7 |
Paraná | 1,1 | -3,7 | -1,7 | 1,9 |
Santa Catarina | 0,3 | 0 | 0,1 | 1,6 |
Rio Grande do Sul | -1 | -7,8 | -2,5 | 3,9 |
Mato Grosso | - | 0,9 | 2,2 | 4,6 |
Goiás | 2,1 | 4,2 | 0,2 | 3,3 |
BRASIL | -0,6 | -3,2 | -1,6 | 0,2 |
Fonte: IBGE
SÃO PAULO
Com expansão da indústria de alimentos (e um dos motivos pode ser a Copa), a produção em São Paulo, maior parque fabril do país, teve alta de 1% ante maio, a segunda consecutiva –o resultado havia sido positivo em 3,5%.
Na comparação com o maio de 2013, no entanto, a indústria paulista pisou no freio e produziu 3,6% menos –terceira queda seguida e acima da média nacional (-3,6%).
"Ao olharmos para períodos mais longos, São Paulo ainda puxa a indústria para baixo", diz Fernando Abritta, técnico do IBGE.
No acumulado de 2014, a indústria paulista registra perda de 4,7%, contra uma média de 1,6%.
Puxam para baixo o setor em São Paulo os ramos de veículos, máquinas e equipamentos, produtos químicos e metalurgia –os mesmos que arrastam a produção no conjunto do país.
Em maio, o setor de veículos caiu 17,5% em São Paulo em relação a maio de 2013. Foi a queda de maior impacto para a indústria paulista.
"Apesar do comportamento diferente de São Paulo nas comparações mais recentes, o Estado segura a produção nacional e, em grande medida, em razão do setor de veículos. O ramo é muito dependente do crédito e sofre também com juros mais altos e consumo retraído", diz Abritta.
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