Com calote à vista, credores tentam desatar impasse com a Argentina
À beira de sofrer um calote da Argentina, credores da dívida reestruturada correram atrás de alternativas para receber sua parcela do pagamento no prazo, que expira nesta quarta-feira (30).
O país responde na Justiça americana a credores que não aceitaram a reestruturação.
Nesta segunda, parte dos fundos que aderiram à operação em 2010 e que têm títulos emitidos sob a lei argentina tiveram seu pagamento liberado pelo juiz americano Thomas Griesa após confusão criada por Buenos Aires ao movimentar o dinheiro.
Outro grupo, de credores em euro, enviou uma carta ao mediador do caso, Daniel Pollack, abrindo mão de uma cláusula-chave do contrato de reestruturação para receber seu pagamento, segundo o jornal "Financial Times", que cita fontes no caso.
Esse bloco tem 36% dos títulos da dívida restruturada.
Nenhum dos dois movimentos, porém, afasta de vez o calote. Nova reunião entre representantes argentinos e o mediador está marcada para esta terça em Nova York.
CONFUSÃO
Griesa autorizou a distribuição, pelo Citibank, de US$ 85 milhões a donos de títulos emitidos pela lei argentina, segundo o Ministério da Economia. O valor, contudo, representa cerca de 10% dos US$ 832 milhões creditados pela Argentina em diversos bancos, em junho, a credores da dívida reestruturada.
Este valor havia sido congelado pelo juiz, que considerou a transferência ilegal porque ela deveria ser simultânea ao pagamento de US$ 1,3 bilhão ao grupo litigante, liderado pelo fundo NML.
Griesa liberou o pagamento porque o Citibank argumentou ter incluído títulos da petroleira espanhola Repsol, recebidos em compensação a um episódio
de desapropriação, que teriam o mesmo número de identificação.
A confusão é só mais um episódio da novela argentina que tem confundido até o juiz com relatos de transferências e números incongruentes.
Os litigantes acusam a Argentina de não negociar, e Buenos Aires diz que quebraria se pagasse os fundos que foram à Justiça para receber 100% da dívida, se os demais reivindicassem o mesmo.
Agora, uma parte desse grupo fora do litígio, o dos credores em euro, aceitou abrir mão da equiparação em uma eventual negociação.
Para Soledad Perez Duhalde, analista da Abeceb, para os credores fora do litígio é preferível continuar a receber do que tentar aplicar a cláusula e arriscar um calote.
"É interessante para todas as partes: para o país, que não enfrentaria default; para os fundos em litígio, que têm mais chances de receber, e para o juiz Griesa", avalia.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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