Cade pode analisar fusão da Telefónica e GVT junto à saída da Telecom Italia
O presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Carvalho, disse nesta quarta-feira (3) que o órgão antitruste poderá analisar conjuntamente a eventual venda da GVT para a Telefónica com a possível saída da empresa espanhola do capital da Telecom Italia, dependendo de como a operação for apresentada ao Cade.
"Eles vão notificar a operação Telefónica-GVT. Vamos analisar. No meio dessa operação, se estiver a questão envolvendo a troca das ações que a Telefónica tem na Telecom Italia com a Vivendi (controladora da GVT), isso vai ser analisado também, no bojo da operação", disse.
A proposta da Telefónica pela GVT inclui a possibilidade de que parte do pagamento seja feito em ações da Telecom Italia detidas pela Telefónica, se a Vivendi assim desejar.
Na segunda-feira (1º), o presidente do Conselho da Telefónica, César Alierta, disse que a empresa espanhola pretende sair do capital da Telecom Italia após finalizar a compra da GVT.
A eventual saída da Telefónica, que no Brasil controla a Vivo, do capital da Telecom Italia, que controla a TIM Participações, atenderia exigência feita pelo Cade no fim do ano passado.
Segundo Carvalho, além desses aspectos, o Cade também poderá ter de analisar, dependendo de como fechar a operação Telefónica-GVT, se a Vivendi poderá ser sócia minoritária da TIM e da Vivo no Brasil, já que em um desenho possível, ela pode ter também parte do capital da empresa brasileira combinada após a venda da GVT.
REGULAÇÃO
O presidente da Telefônica Brasil, Antonio Carlos Valente, afirmou nesta terça (2) que está otimista quanto à aprovação da compra da GVT pelos órgãos reguladores.
"Acreditamos que a operação não deve oferecer dificuldades maiores do ponto de vista concorrencial", disse a jornalistas após evento em Brasília.
O executivo afirmou que somente em alguns municípios de São Paulo a fusão poderá incorrer em risco de concentração de mercado. Valente avalia que a atuação da operadora é mais sólida fora do Estado. "A GVT, por razões estratégicas, procurou atuar muito fortemente no mercado fora de São Paulo", disse.
À Reuters, uma fonte do governo que acompanha de perto o assunto disse que a eventual compra da GVT pela Telefónica não deve enfrentar grandes dificuldades para ser aprovada pelos órgãos reguladores brasileiros.
Segundo a fonte, a análise regulatória acaba ficando menos complicada porque a GVT, operadora de banda larga fixa, telefonia fixa e TV paga, não possui licenças para uso de serviços móveis, logo, não haveria sobreposição de frequências com a Vivo, controlada pela Telefónica no Brasil.
DISPUTA PELA GVT
Em agosto, a francesa Vivendi informou que vai entrar em negociações exclusivas com a Telefónica para a venda de sua unidade brasileira de banda larga GVT, escolhendo a oferta da espanhola em detrimento da proposta da rival Telecom Italia.
Com a decisão da companhia francesa de negociar exclusivamente a venda da GVT com a espanhola, o prazo para considerar a proposta da Telefónica, que terminava em agosto, foi ampliado em até três meses.
A Vivendi rejeitou a proposta da Telecom Italia, que havia oferecido € 7 bilhões (R$ 21 bilhões) distribuídos em dinheiro e ações para comprar a GVT.
O lance da italiana previa que a Vivendi ficasse com 15% da TIM após a fusão com a GVT (a Telecom Italia manteria uma fatia de cerca de 60%), além de 20% das ações ordinárias, que dão direito a voto, da Telecom Italia.
A proposta envolvia o pagamento de 24% do valor em dinheiro e o restante (76%) em ações.
Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress | ||
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